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POLÍCIA

Polícia Civil pode ter descoberto quadrilha do “Novo Cangaço” no Acre

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Anderson confessou ser membro do "Novo Cangaço" (Foto: Reprodução)

A história inicia pela tentativa de homicídio do suposto motorista de aplicativo José Alfredo Gomes de Albuquerque, 41 anos, que deu um nome falso e, na verdade, se chama Anderson Gomes de França Pinheiro. Ele foi ferido com 6 tiros, na manhã desta quinta-feira (2), na Rua Beija-flor, no Residencial Ouricuri, na parte alta de Rio Branco.

Segundo Anderson, ele teria sido “vítima de uma tentativa de assalto” ao chegar na própria residência com o próprio carro, modelo Prisma, de cor prata e placa QLV-0B28.

Ao entrar com o veículo na garagem e descer do veículo, ele foi surpreendido por dois homens que chegaram um carro modelo Celta, de cor Cinza e placa MZW-9344, que desceram e, de posse de armas de fogo, dispararam 13 vezes contra o carro e contra Anderson, que foi ferido com 2 tiros na perna esquerda, 1 tiro no ombro, 2 nas costas e 1 no braço.

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Ele foi socorrido e levado em estado de saúde estável pelo Samu ao pronto-socorro de Rio Branco.

Policiais militares do 3° Batalhão fizeram buscas pelos acusados de tentar matar Anderson e conseguiram prender Antônio Valdevino do Nascimento Costa, 34 anos, com o veículo modelo Celta, usado na ação criminosa contra Anderson.

Foto: Ithamar Souza/Na Hora da Notícia

Antônio (Foto: Reprodução)

Descoberta do “Novo Cangaço” no Acre

A partir da tentativa de homicídio contra o suposto motorista de aplicativo, policiais civis da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) começaram a investigar o caso e descobriram que Anderson já tinha sido investigado por, no dia 13 de julho de 2019, na companhia de dois comparsas, ter sido presos pela Polícia Militar de Paulo Afonso, município Baiano que fica a 479 quilômetros de Salvador. Na época da prisão, Anderson e os outros criminosos estavam portando dois fuzis, um revolver, capuz, droga, 402 munições de fuzil e três veículos roubados, entre eles, duas caminhonetes.

Com as informações, os agentes foram até o pronto-socorro de Rio Branco e buscaram Anderson para saber a verdade. Ele confessou que faz parte de uma quadrilha que pratica a modalidade conhecida como “Novo Cangaço”, que consiste em uma quadrilha cercar uma cidade, principalmente no interior de um estado, para realizar um grande roubo em uma instituição financeira subtraindo altos valores em dinheiro.

Ficha de Anderson (Foto: Reprodução)

Anderson revelou ainda que Antônio e os outros comparsas foram com intuitos exclusivamente de lhe matar, por possível desavenças na organização criminosa.

Os agentes da DHPP informara que já estavam cogitando que essa célula do “Novo Cangaço” estaria no Acre, com objetivo de fazer roubos de grande repercussão nacional, como eles fazem no restante do país.

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O que é novo cangaço? Entenda a modalidade de crime que assola o interior dos estados brasileiros

Uma quadrilha fortemente armada cerca cidades e promovem assaltos de grande repercussão em várias partes do país, esse é o “Novo Cangaço”. Em Minas Gerais, por exemplo, ao menos em três cidades em 2021 foi registrado o chamado “Novo Cangaço”. Em um período crítico, entre 2011 e 2014, foram 386 ocorrências em Minas.

No ano de 2021 contou com diversas tentativas de crimes que figuram no chamado “Novo Cangaço”. Dois desses casos, entretanto, tiveram maior repercussão por motivos distintos.

Um mega-assalto a agências bancárias de Araçatuba (SP), ocorrido em 30 de agosto, mostrou-se um dos mais violentos da modalidade, com a utilização do maior volume de explosivos da história do país. Uma operação conjunta entre Polícia Militar e Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Varginha (MG), desmantelou uma quadrilha armada com um arsenal de guerra prestes a atacar um centro de distribuição de valores. O caso é considerado pela polícia a maior operação contra o novo cangaço no país.

Os ataques, que aterrorizavam apenas cidades do interior do país, têm se intensificado nos últimos anos e, sobretudo a partir de 2015, começaram a chegar em cidades maiores e mais estruturadas, nas quais os criminosos têm acesso a quantias financeiras altas. Crimes que fazem parte dessa evolução do novo cangaço recebem o nome de “domínio de cidades”.

“Crimes do novo cangaço ocorrem em municípios menores, distantes das grandes metrópoles, com efetivo policial reduzido e pouco aparato de segurança. Já os ataques a grandes cidades demandam planejamento e estrutura logística mais avançados. São pessoas muito bem organizadas, que usam armas de grosso calibre, explosivos e veículos blindados”, diz Maurício Herbert Rodrigues, major da Polícia Militar do Distrito Federal, que atuou em operação contra quadrilhas que patricam o “Novo Cangaço”.

O nome “novo cangaço” tem relação com o método utilizado por Lampião e outros cangaceiros no sertão nordestino entre o final do século 19 e o começo do século 20, que cometiam roubos, sequestros e demais crimes sempre em bandos e com amplo emprego de violência. Estimativas apontam que entre 2015 e 2020, os mega-assaltos ocorridos em diversas regiões do país foram responsáveis pela subtração de aproximadamente meio bilhão de reais.

No Acre, como a maioria das cidades possuí pequeno contigente de policiais, organizações criminosas que patricam o “Novo Cangaço” teriam uma certa facilidade de explodir e levar o dinheiro das agências e dos caixas eletrônicos, deixando um rastro de destruição incalculável.

As desavenças entre a quadrilha que estaria planejando um ataque desse tipo no Acre, e esse episódio dessa tentativa de homicídio, servem para deixar o serviço de inteligência do Acre em alerta, pois com certeza, eles já estavam planejando um grande roubo no estado.

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