POLÍCIA
Polícia diz que SP é ‘coração’ do esquema de adulteração de bebidas no País

A Polícia Civil de São Paulo afirmou nesta terça-feira, 14, que o Estado é o “coração” de um esquema nacional de adulteração de bebidas alcoólicas. A declaração foi feita pelo diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Ronaldo Sayeg, durante coletiva de imprensa sobre uma operação que mirou uma rede criminosa envolvida na produção e venda de bebidas adulteradas com metanol.
“Nós podemos imaginar que São Paulo seja o coração que irradia sangue para outras partes. Nós temos já seis estados identificados que transacionam com o primeiro preso”, disse a autoridade policial.
Segundo o delegado, São Paulo se destaca como ponto central do esquema devido às suas dimensões e à capacidade de abrigar fábricas clandestinas, centros de armazenamento e um comércio ilegal estruturado.
Do Estado, partem insumos, bebidas adulteradas e outros materiais que abastecem a rede criminosa em diferentes regiões do país. “Então, a gente acredita que São Paulo seja sim uma espécie de coração que acaba pulsando e infelizmente mandando todos esses produtos para outros estados”, disse.
Ainda segundo Sayeg, os outros seis estados identificados serão alvo de uma análise mais aprofundada e de uma operação em nível nacional, que a Polícia Civil está tentando estruturar.
Operação prendeu 6 pessoas
A operação realizada pela Polícia Civil de São Paulo na manhã desta terça-feira cumpriu 20 mandados de busca e apreensão em endereços na capital, Santo André, Poá, São José dos Campos, Santos, Guarujá, Presidente Prudente e Araraquara. Ao todo, seis pessoas foram presas pelo crime. Um dos presos também foi indiciado em flagrante por porte ilegal de armas.
A Operação Poison Source (Fonte do Veneno) teve início após a prisão de um homem no dia 3 de outubro, identificado, de acordo com a polícia, como um dos maiores falsificadores do Brasil.
“Durante a prisão desse indivíduo, foi constatado que ele era distribuidor de insumos, vasilhames, bebidas de diversos indivíduos espalhados pelo estado. As investigações vão prosseguir para sabermos a conexão dessas outras pessoas presas nesta terça-feira para chegarmos até o ponto de venda”, explicou Arthur Dian, delegado-geral de Polícia de São Paulo.
A ação também teve apoio da Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe), que forneceu equipamentos para que as bebidas encontradas nas fábricas clandestinas fossem testadas no local, indicando adulteração. O material apreendido será analisado agora para identificar se há presença de metanol.
Segundo a delegada que coordena a operação, Leslie Caran Petrus, as investigações se iniciaram a partir do flagrante que ocorreu há cerca de 10 dias. “[O preso] vendia garrafas com rótulos, tampinhas intactas e lacres, praticamente impossível de identificar a falsificação. Depois, descobrimos quem adquiriu esses produtos e estamos indo atrás deles hoje”, explicou a policial.
Donos de bares e adegas estão entre presos
De acordo com a delegada Leslie Caran Petrus, os envolvidos no esquema tinham funções específicas, incluindo intermediários responsáveis pela distribuição das bebidas adulteradas. Todos atuavam de forma associada e tinham plena consciência da falsificação, comercializando os produtos por valores muito abaixo do mercado.
Em alguns casos, os criminosos adquiriam garrafas, lacres e selos falsificados para envasar bebidas de baixa qualidade. A delegada destacou que nem toda adulteração envolve metanol, mas os laudos periciais confirmam que as bebidas são falsificadas. A composição exata dos produtos, no entanto, ainda está sendo determinada pelo Instituto de Criminalística.
Durante a coletiva, a delegada também explicou que entre os presos na operação estão donos de bares e adegas, que utilizavam do esquema para enganar os clientes. Segundo ela, muitos desses estabelecimentos mantinham garrafas originais, lacradas e expostas nas prateleiras, enquanto as bebidas servidas eram falsificadas. “Isso já está comprovado: as garrafas que eles servem são falsas”, afirmou.
Ela ressaltou que a apuração não se limitará a pequenos estabelecimentos. “Independente do tamanho do comércio, se forem encontradas bebidas ilegais, esses locais serão investigados”, afirmou. A delegada também mencionou que há interceptações em andamento e que novas pessoas estão sendo identificadas. “A investigação está caminhando nesse sentido. As pessoas estão sendo identificadas ao longo do processo”, completou.
