POLÍCIA
Polícia recupera no Rio 8 das 21 metralhadoras furtadas do Exército
A Polícia Civil do Rio de Janeiro recuperou, na tarde desta quinta-feira (19/10), 8 das 21 metralhadoras do Exército que foram furtadas do Arsenal de Guerra do Quartel em Barueri, na Grande São Paulo.
As armas foram interceptadas na Gardênia Azul, na zona oeste do Rio de Janeiro. A apreensão de 4 metralhadoras .50 e outras 4 MAGs, calibre 7,62, foi feita por agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
Oferta ao Comando Vermelho
De acordo com o portal g1, parte das armas furtadas do Arsenal do Exército em Barueri, na região metropolitana de São Paulo, teria sido oferecida ao Comando Vermelho, a maior facção criminosa do Rio de Janeiro.
Esse tipo de armamento, que pesa em média 4,5 quilos cada, é capaz de derrubar helicópteros e aviões sem blindagem e atingir alvos a uma distância de até 2 quilômetros, de acordo com o especialista em segurança pública Bruno Langeani, gerente do Instituto Sou da Paz.
Furto de armas
O furto, que teria ocorrido entre os dias 5 e 8 de setembro, foi revelado pelo Metrópoles na semana passada. Os criminosos levaram 13 metralhadoras calibre ponto 50, capazes de derrubar aeronaves, e oito calibre 7,62.
As armas tinham sido deixadas em uma Agrale Marruá, que estava estacionada na garagem do quartel do Comando Militar do Sudeste. O armamento teria sido utilizado na Operação Agulhas Negras 2023, treinamento realizado no Vale do Paraíba entre os dias 18 e 29 de setembro.
Por causa do desvio das armas, cerca de 480 militares ficaram aquartelados para investigação interna desde o último dia 11. O isolamento contribuiu para que o comando conseguisse ouvir depoimentos e afunilar o número de possíveis envolvidos no crime. A maioria da tropa foi liberada na terça-feira (17/10).
Parte do armamento furtado é capaz de derrubar helicópteros e aviões sem blindagem e atingir alvos a uma distância de até 2 quilômetros. Vídeo (veja abaixo) mostra metralhadora ponto 50 em uso.
Maior desvio desde 2009
Levantamento do Instituto Sou da Paz mostra que o furto das armas no Arsenal de Guerra do Exército, em Barueri, foi o maior desvio de armas registrado pelas Forças Armadas desde 2009.
Até então, o maior registro de desvio de armas era em março daquele ano, início da série histórica do Sou da Paz. Na ocasião, sete fuzis foram levados do 6º Batalhão de Infantaria Leve, em Caçapava, também em São Paulo. Os armamentos foram recuperados depois.
O levantamento também mostra que 27 armas do Exército Brasileiro foram desviadas, ao todo, no período entre 2015 e 2020. Nesse recorte temporal, o Amazonas é o estado com o maior sumiço (10 armas), seguido do Rio de Janeiro (cinco) e Roraima (três).
No mesmo período, a Marinha teve 21 armas desviadas e a Aeronáutica, seis.
Demora
Na segunda (16/10), o Metrópoles ouviu parentes dos militares aquartelados, que reclamaram da falta de notícias e da demora para liberar a tropa.
O aquartelamento foi decidido pelo Comando Militar do Sudeste para averiguação durante o procedimento administrativo do Exército. O objetivo da medida é colher depoimentos dos militares sobre o furto.
“Ele está preso desde quarta-feira. Eu e toda a família estamos ansiosos e preocupados”, afirmou a mulher de um militar, na ocasião. “Só consigo falar com ele durante dois minutos por dia, por meio de um telefone fixo do quartel”.
Segundo ela, no quartel, ninguém daria qualquer informação sobre as investigações e a possível liberação dos militares que não tiveram envolvimento com o furto. “Até quando eles vão ficar presos? Todos têm suas vidas e responsabilidades aqui fora”.
Armamento “inservível”
Segundo o Comando Militar do Sudeste, as metralhadoras furtadas eram “inservíveis” e “estavam no Arsenal, que é uma unidade técnica de manutenção, responsável também para iniciar o processo desfazimento e destruição dos armamentos que tenham sua reparação inviabilizada”.
O furto de 21 metralhadoras do Arsenal de Guerra do Exército é o maior desvio de armas registrado pelas Forças Armadas desde 2009, segundo levantamento do Instituto Sou da Paz.