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POLÍCIA

Saiba como funciona núcleo de inteligência do PCC responsável por planejar assassinato de Moro

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Responsáveis por levantar informações e organizar planos de sequestro e assassinatos de servidores públicos e políticos, os integrantes da chamada Sintonia Restrita do Primeiro Comando da Capital (PCC) deram ordens para que outros faccionados perseguissem e monitorassem o ex-juiz federal e senador Sergio Moro (União Brasil-PR), além do promotor de Justiça Lincoln Gakiya, que integra o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco).

Ao menos nove criminosos diretamente ligados ao plano de assassinatos foram presos na manhã desta quarta-feira (22/3), no âmbito da Operação Sequaz.

Os suspeitos alugaram imóveis na rua do senador e chegaram a seguir a família do ex-juiz durante meses. Devido ao risco de atentado, Sergio Moro e a família eram acompanhados por uma escolta da Polícia Militar do Paraná (PMPR).

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Como revelado pela coluna Na Mira, em série especial de reportagens sobre o PCC, estratégia, ousadia e muito acesso a informação permeiam o “setor de inteligência” criado pelo PCC. O grupo funciona como uma ampla rede de criminosos.

A Sintonia Restrita é uma célula que trata de assuntos extremamente sigilosos e relevantes para a cúpula da facção, formada por membros de extrema confiança do comando e com elevado poder decisório. Todos contam com a mais alta estima de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo do PCC.

Alcance nacional

A Sintonia Restrita costuma alimentar com informações os encarregados de praticar crimes. Os integrantes dela têm total liberdade para rodar o Brasil e coletar informações.

Os criminosos monitoram endereços de autoridades juradas de morte, fazem vigilância em campo dos alvos, mapeiam veículos usados pelas vítimas, assim como os lugares mais frequentados por elas, e roteirizam a rotina de pessoas marcadas para morrer.

A Sintonia Restrita tem, ainda, papel fundamental na produção de conhecimento que proteja a fortuna faturada com tráfico de drogas, lavagem de capitais e armazenamento de grandes quantias em dinheiro. Os valores costumam ser armazenados em imóveis preparados para essa finalidade e que contam com cofres em forma de compartimentos secretos, onde o dinheiro fica escondido.

Periodicamente, os valores são entregues a “doleiros” — faccionados incumbidos de receber o montante e guardá-lo para a organização criminosa. Na entrega das quantias aos doleiros, os transportadores usam veículos preparados, nos quais também há compartimentos secretos.

Rede de comunicação

Para assegurar o andamento dos crimes praticados, outros integrantes do PCC desenvolveram uma sofisticada rede de comunicação, com grande compartimentação das informações e limitação do número de interlocutores.

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Tal sistema restrito e compartimentado pode ser identificado como uma “rede fechada”, da qual participam poucos criminosos.

Para a devida existência da rede fechada, periodicamente, diversos celulares eram comprados pela facção e distribuídos entre os integrantes dela. Uma pessoa específica tem a atribuição de adquirir os aparelhos e configurá-los, o que inclui a instalação de aplicativos de mensagens, a inserção dos contatos que usariam as linhas e a entrega dos telefones aos destinatários.

A pessoa com a função de preparar os aparelhos se assegurava de que, em cada rede fechada, haveria apenas os contatos dos participantes daquele grupo, sem risco de que terceiros interagissem.

Os aplicativos de conversa usados eram os mais diversos — desde os conhecidos, como WhatsApp, até os não amplamente usados, como o Surespot. Vários outros apps eram instalados nos aparelhos e usados pelos criminosos.

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