POLÍCIA
Sextorsão: homem é preso por ameaçar adolescente de vazar vídeo íntimo

Um homem de 19 anos foi preso por suspeita de estupro qualificado, lesão corporal, perseguição e furto contra a ex-namorada, uma adolescente de 16 anos, em Vitória, no Espírito Santo. Segundo a Polícia Civil, o rapaz ameaçava divulgar vídeo íntimo gravado sem a permissão da vítima para manter relações com ela.
A prisão do suspeito ocorreu no último dia 3, mas foi divulgada pelas autoridades nesta terça-feira, 11, durante uma coletiva de imprensa. O relacionamento dos dois começou há cerca de dois anos, quando a menina tinha 14 anos, e ele 18.
“No decorrer do tempo, ela começou a perceber que era um relacionamento extremamente abusivo e agressivo, porque ele proibia ela de postar em redes sociais, ter redes sociais, de ter amigos, falar com familiares. Então, ela começou a querer terminar o relacionamento e sofrer ameaças por parte dele”, explicou a delegada da Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Gabriela Enne.
O rapaz perseguia a vítima em vários lugares e chegou a pular o muro da escola onde a adolescente estudava porque achava que ela mantinha outro relacionamento e a agrediu. Ele frequentava lugares em que ela estava, sem avisar, tirava fotografias e mandava para ela, avisando que a estava observando.
Percebendo o comportamento abusivo do namorado, a menina passou a ter medo e decidiu terminar a relação. Foi nesse momento em que as ameaças começaram.
“Durante um tempo, ele ainda conseguia fazer com que essa adolescente voltasse para ele diante dessas ameaças. Quando ela resolveu não ceder mais, ele começou a encaminhar fotos com arma de fogo, intensificar muito as coações e ameaças. Ele chegou a gravar um vídeo [íntimo] na casa dele, do tempo em que os dois namoravam. Toda vez que ele queria encontrar a adolescente, ameaçava divulgar esse vídeo nas redes sociais e também para os pais dessa adolescente. Ou seja, ele queria que ela retornasse o relacionamento, ou então, naquele dia específico, tivesse relação sexual com ele, senão ele iria divulgar esse vídeo”, frisa a delegada.
Segundo Gabriela, a situação é denominada de sextorsão, quando a pessoa tem acesso a conteúdos sexuais de outra pessoa, seja ela conhecida ou desconhecida, e passa a ameaçar a fazer divulgação desses vídeos na internet ou para outras pessoas, pedindo para que a vítima faça ou deixe de fazer algo ou até mesmo pague pelo silêncio.
“Nesse caso concreto, ele exigia que a vítima tivesse relações sexuais com ele, contra a vontade dela. Quando ela passa a ter relação sexual sob uma ameaça, de forma coagida, caracteriza o crime de estupro”, esclarece.
Durante um período, a menina teve medo e vergonha de que esses vídeos fossem expostos e omitiu as ameaças dos pais. Mas, quando percebeu que o rapaz não cederia, já que ia até seu trabalho várias vezes ao dia e até agredia pessoas a sua volta, ela decidiu contar à família.
Os pais procuraram a Polícia Civil, onde registraram um boletim de ocorrência e apresentaram prints de conversas entre os dois, com ameaças gravíssimas, de acordo com a delegada.
“Ele chegava ao ponto de jurar que ia matar ela naquele momento, naquele dia, em determinado lugar e que ele sentia prazer em ver notícias de mulheres mortas. Juntando o fato dele já ter sido preso portando uma submetralhadora numa ocorrência [anterior], e em outras ocorrências policiais, o que demonstra a gravidade do caso, conseguimos de forma muito rápida o mandado de prisão preventiva e busca e apreensão na residência dele e efetuamos a prisão”.
Gabriela afirma que o rapaz ficou surpreso com a prisão, pois achava que a vítima e a mãe dela, também ameaçada, não denunciariam o caso. Apesar disso, ele confessou as ameaças, já que havia “provas irrefutáveis”, mas negou que tenha agredido a adolescente.
“Ele negou porque ele sabia que naquele exato momento, ela não apresentava lesões, através de laudo, mas isso não significa que ele não vai responder contra esse crime, porque existem provas testemunhais, vídeos que demonstram que ela era constantemente agredida e perseguida”, diz a delegada.
O rapaz responde pelos crimes de estupro qualificado, lesão corporal qualificado, stalking [perseguição], e furto, porque chegou a pegar um telefone celular dela, além de crimes do estatuto da criança e do adolescente, já que registrou conteúdo sexual com a adolescente, o que é proibido pela lei.
