Machado é o delegado titular da investigação que apura a tentativa de uma comitiva presidencial entrar no Brasil com joias avaliadas em R$ 16,5 milhões, sem pagar impostos à Receita Federal, e com a incorporação dos itens milionários diretamente ao patrimônio pessoal de Bolsonaro.
O caso ocorreu em outubro de 2021, no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo. Além de não declarar as joias de R$ 16,5 milhões, que foram presentes do governo saudita à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o ex-presidente tentou, em pelo menos oito ocasiões, reaver os itens, acionando inclusive outros ministérios e a chefia da Receita.
Delegado federal desde 2006, Adalto Machado tem conduzido o inquérito sobre as joias desde o início da investigação, aberta em São Paulo no mês passado, após o caso ser revelado pelo jornal O Estado de S.Paulo.
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Bastante discreto e respeitado dentro da corporação, com atuação no sindicato dos policiais, Machado se destacou nos últimos anos à frente da Operação Descarte, deflagrada em 2018 a partir de um desdobramento da Lava Jato e que desmantelou um grande esquema de corrupção e lavagem de dinheiro.
A exemplo da Lava Jato, a investigação teve como ponto de partida transações suspeitas envolvendo o doleiro Alberto Yousseff. Em mais de dez fases da operação, a Descarte prendeu e indiciou operadores financeiros e um grupo de advogados que emitia notas frias para cobrir desvio e lavagem de dinheiro envolvendo concessionárias de serviços públicos, políticos e bancos.