POLÍTICA
Agrishow: Bolsonaro e Tarcísio criticam demarcação e invasão de terras
São Paulo — Em seu primeiro evento público desde que voltou dos Estados Unidos, em março, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou nesta segunda-feira (1º/5), na feira de agronegócio em Ribeirão Preto (SP), a demarcação de novas terras indígenas feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Vi agora as homologações de terras indígenas assinadas pelo cidadão que ocupa a Presidência. Uma delas, de 30 mil hectares, tem só 9 indígenas. Algo não está certo. Vocês sabem como eu tratei essas questões. Nunca tive má vontade com indigenistas, eu tentei permitir que os indígenas explorassem suas propriedades”, afirmou Bolsonaro, na abertura da Agrishow.
Na última sexta-feira (28/4), Lula assinou a homologação de seis territórios indígenas, última fase para que um território indígena seja reconhecido. As terras homologadas ficam nos estados de Alagoas, Acre, Amazonas, Ceará, Goiás e Rio Grande do Sul.
Segundo Bolsonaro, os pedidos de demarcação de terras indígenas ameaçam o agronegócio. “Existem 400 pedidos de demarcações de terras indígenas e mais de 3 mil comunidades quilombolas. Se 10% forem atendidos, para onde irá o agronegócio?”, questionou o ex-presidente.
O ex-presidente chegou à maior feira de agronegócio da América Latina, no interior de São Paulo, acompanhado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), seu afilhado político. Foi o primeiro ato público dos dois desde a posse de Tarcísio no Palácio dos Bandeirantes.
No palco ao lado de Bolsonaro, o governador paulista disse que não vai “tolerar” as invasões de terras promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), como ocorreram no chamado de “abril vermelho”. Segundo ele, invasores de propriedade privada terão “um único destino: a cadeia”.
“Não vamos transigir com a segurança jurídica. Vamos proteger a propriedade privada. Não vamos tolerar invasão de terra. Os invasores de terra terão um destino só: a cadeia. Segurança jurídica e propriedade são fundamentais. O produtor tem que se preocupar em criar, produzir. Não vamos tolerar a baderna.”
Polêmica
A participação de Bolsonaro na Agrishow, maior feira de agronegócio da América Latina, foi cercada de polêmica. Embora tenha mantido sua estrutura no local, o Banco do Brasil, que é um dos principais patrocinadores do evento, chegou a cancelar o patrocínio à feira.
O imbróglio teve início quando a organização “desconvidou” o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, para a cerimônia de abertura da feira — sugeriram que ele comparecesse em outro dia —, após a confirmação da presença de Bolsonaro. Diante da polêmica, a Agrishow decidiu cancelar a abertura, mas manteve o ato com o ex-presidente e o governador em uma cerimônia fechada.