POLÍTICA
Após críticas a Zanin, Lula defende que votos no STF sejam secretos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu, em sua live semanal desta terça (5/9), que os votos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) não sejam divulgados e que apenas os placares das votações se tornem públicos. A fala do presidente acontece num momento em que os votos de seu indicado à Corte Cristiano Zanin estão sendo fortemente criticados pela militância de esquerda por, supostamente, não estarem alinhados a posições progressistas.
Lula, porém, não citou o nome de Zanin e disse que seu discurso tem relação com a segurança dos magistrados.
“Se eu pudesse dar um conselho, é o seguinte: a sociedade não tem que saber como é que vota um ministro da Suprema Corte”, disse Lula, na live semanal. “Acho que o cara tem que votar e ninguém precisa saber… votou, a maioria [ganha]. 5 a 4, 6 a 4, 3 a 2… não precisa ninguém saber se foi o Uchôa que votou, se foi o Camilo que votou”, seguiu Lula, referindo-se ao jornalista Marcos Uchôa e ao ministro Camilo Santana, da Educação, que estavam presentes na live.
“Porque aí cada um que perde fica com raiva, cada um que ganha fica feliz. Então, para a gente não criar animosidade, eu acho que era preciso começar a pensar se não é o jeito de a gente começar a mudar o que tá acontecendo no Brasil, porque do jeito que vai, daqui a pouco um ministro da Suprema Corte não pode mais sair na rua, não pode mais passear com a sua família, porque tem um cara que não gostou de uma decisão dele”, concluiu o presidente.
Veja a fala de Lula sobre o assunto:
Os votos de Zanin
Com um mês como ministro do STF, Zanin já conseguiu desagradar a militância de esquerda e tomou um “puxão de orelha” até da primeira-dama, Janja da Silva, por causa de seus primeiros votos.
O ex-advogado de Lula nos processos da Lava Jato foi o único ministro a votar desfavoravelmente quanto a equiparar atos contra a população LGBTQIA+ ao crime de injúria racial; manteve uma condenação que não reconhecia a insignificância de um furto de bens que valiam R$ 100; votou contra a descriminalização do porte de drogas para consumo e contra o reconhecimento de violações de direitos de indígenas.
Seu único voto que agradou a militância progressista até agora foi pelo não reconhecimento de um Marco Temporal para a demarcação de Terras Indígenas.