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POLÍTICA

Após semana tensa, Lula e Lira se encontram em reunião no Palácio da Alvorada

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Lula e Lira em foto de janeiro; ambos se encontraram na manhã desta segunda, 5, fora da agenda, no Palácio da Alvorada Foto: Reuters / BBC News Brasil

Após uma semana em que o governo Lula (PT) suou a camisa para não sofrer uma derrota histórica na Câmara, o presidente da República recebeu o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) para uma reunião no Palácio da Alvorada, residência presidencial, em Brasília. O encontro desta segunda-feira, 5, não constava na agenda e não foi divulgado o tema do encontro.

O ministro da SRI (Secretaria de Relações Institucionais), Alexandre Padilha, responsável pela articulação, não participou. Na última semana, não só o governo Lula passou sufoco. Lira viu um aliado próximo ser alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga desvios de verba da Educação e o STF (Supremo Tribunal Federal) anunciar que vai retomar um julgamento seu sobre corrupção. Lira não foi citado pela investigação da PF.

Sob comando de Lira, o governo enfrentou a resistência de deputados da base aliada e do centrão (grupo formado por partidos como PP, PL e Republicanos) que deixaram a votação da MP (medida provisória) que reformulou a estrutura dos ministérios para o penúltimo dia de tramitação, antes que perdesse a validade. Caso isso ocorresse, Lula perderia 17 ministérios e teria que governar sob a estrutura deixada por Jair Bolsonaro (PL), em dezembro.

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Lula e Lira cogitaram um encontro pessoalmente em meio à crise, mas se falaram por telefone. Durante a ligação, Lira reclamou da articulação do governo, sobre liberação de emendas e nomeação de cargos na estrutura federal. Entre a ligação de Lula e a votação foram 12 horas de negociações entre parlamentares do centrão e do governo. Conversas que trataram também de uma vontade do centrão (partidos como PP, União Brasil e Republicanos) de avançar sobre uma reforma ministerial em agosto.

A medida foi aprovada com 337 votos a favor e 125 contra. Ao final da sessão, já na madrugada de quinta-feira, 1, Lira disse que “daqui para frente, o governo vai ter de andar com as suas pernas. Não haverá mais nenhum tipo de sacrifício [por parte da Câmara]”. Pesou também a percepção de deputados que perceberam que esticaram demais a corda da chantagem e tiveram receio de arcar com uma crise por impedir que governo eleito sequer monte sua estrutura administrativa. Poucas horas depois, a MP foi aprovada com facilidade no Senado.

Recado na tribuna 

Em meio às discussões, o braço direito de Lira, Elmar Nascimento (União Brasil-BA), se encontrou pessoalmente com Lula. Ele evitou falar publicamente do encontro, mas ele que apesar de concentrar grande poder, raramente vai à tribuna da Câmara, usou o microfone para dar um recado: a vontade dos deputados naqueles dias era para derrotar o governo em uma votação “que ninguém poderia reverter mais em lugar nenhum. Era fazer o governo se reinventar e retornar à estrutura administrativa do governo anterior. O que não tem qualquer lógica política de fazê-lo. Seria uma resposta absolutamente fora do padrão do que iria ser construído”.

O Planalto celebrou a vitória que esvaziou as pastas do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas. Era melhor isso do que nada.

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