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POLÍTICA

Após viagem à Europa e críticas ao FMI, Lula recebe Fernández em Brasília

Publicado em

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebe, nesta segunda-feira (26/6), o presidente da Argentina, Alberto Fernández. O encontro está marcado para ocorrer às 12h, no Palácio do Planalto. O governo brasileiro não detalhou os assuntos que serão abordados na reunião, no entanto, temas como a renegociação da dívida argentina e outros assuntos ligados à integração regional devem entrar em pauta.

Após o encontro na sede da Presidência da República, o petista oferecerá um almoço a Fernandez no Palácio Itamaraty. Segundo o Ministério das Relações Exteriores (MRE), o encontro celebra os 200 anos das relações diplomáticas entre os dois países.

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“A visita de Estado ocorre no contexto da retomada da parceria estratégica bilateral, iniciada com a visita do presidente Lula à Argentina, em 23 de janeiro, quando foi assinada declaração conjunta com múltiplos compromissos que adensaram ainda mais os laços bilaterais”, diz o Itamaraty, em comunicado.

O chefe de Estado argentino também se reúne com os titulares dos demais poderes – no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal.

Conforme o Metrópoles adiantou, o presidente da Argentina será recebido na capital federal pela quarta vez em seis meses. Ao todo, este será o quinto encontro de Lula e Fernandez desde janeiro, quando o presidente brasileiro tomou posse para o seu terceiro mandato à frente do Planalto.

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Críticas ao FMI

Lula conversa com o argentino dias após a viagem à Europa, na última semana. Durante um discurso na Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global, na França, na sexta-feira (23/6), o mandatário brasileiro citou a questão argentina e teceu críticas ao Fundo Monetário Internacional (FMI), à Organização das Nações Unidas (ONU) e ao Banco Mundial (BM).

Segundo Lula, as organizações financeiras globais precisam de “novos direcionamentos”. “Muitas vezes os bancos emprestam dinheiro e o dinheiro emprestado é o resultado da falência do Estado”, apontou.

E citou o exemplo da Argentina: “Da forma mais irresponsável do mundo, o FMI emprestou 44 bilhões de dólares para um senhor que era presidente [referindo-se ao ex-presidente argentino Mauricio Macri]. Não se sabe o que ele fez com o dinheiro, e a Argentina está hoje em uma situação econômica muito difícil porque não tem dólar para pagar o FMI”.

Não é a primeira vez que o presidente brasileiro volta seu discurso contra a ONU. No G7, no Japão, em maio, Lula pediu reforma no Conselho de Segurança na ONU. Em abril, em visita à Espanha, o mandatário criticou o papel do órgão na resolução do conflito entre Rússia e Ucrânia.

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“É importante que a gente tenha noção de que a gente não pode continuar com as instituições funcionando de maneira equivocada. Mesmo o Conselho Nacional de Segurança da ONU. Os membros permanentes não representam mais a realidade política de 2023. Se representava em 1945, em 2023 é preciso mudar. A ONU precisa voltar a ter representatividade. A ter força política”, afirmou Lula.

Dívida argentina

Na última semana, o argentino pediu ao FMI o adiamento, para o dia 30 de junho, dos pagamentos de vencimentos da dívida que estavam programados para esta semana. A Argentina teria de pagar ao FMI US$ 2,7 bilhões nesta semana, montante correspondente ao empréstimo de US$ 44 bilhões concedidos pelo fundo ao país.

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Segundo o ministro da Economia argentino, Sergio Massa, o governo não conseguiu cumprir as metas de acumulação de reservas e diminuição do déficit fiscal por causa da forte seca no país, que afetou as exportações do setor agrícola.

Nos últimos meses, o governo Fernández vem negociando com o FMI o refinanciamento de pagamentos e a antecipação dos desembolsos previstos no atual programa de crédito. O objetivo era que o órgão liberasse pelo menos US$ 10 bilhões e modificasse as metas firmadas até então, aliviando algumas obrigações da Argentina.

Segundo informações da agência de notícias France-Presse, o Brasil e mais cinco países – Bolívia, Chile, Colômbia, México e Paraguai – pediram ao governo dos Estados Unidos que apoiasse a Argentina nas negociações com o FMI.

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Empenho do Brasil para ajudar o vizinho

O empenho do Brasil nas negociações entre Argentina e FMI, retratado em reportagem do Metrópoles publicada no início de maio, se explica tanto por razões econômicas quanto políticas. O país é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China e dos EUA. Em 2022, o Brasil teve saldo positivo de US$ 2,2 bilhões na balança comercial com os argentinos.

A Argentina enfrenta grave crise econômica. O dólar, por exemplo, tem registrado recordes em comparação ao peso, moeda argentina. A inflação no país está 104% ao ano, maior percentual em 31 anos.

Durante a mais recente visita de Fernández a Brasília, no início de maio, Lula prometeu ajudar, “politicamente”, o país vizinho a negociar sua dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a mudar o regulamento do Banco dos Brics, comandado atualmente pela ex-presidente brasileira Dilma Rousseff (PT), para que seja criado um fundo a fim de ajudar países parceiros do bloco, como a Argentina.

A pauta principal daquela reunião foi econômica. Lula queria propor a Fernández uma linha de crédito para que a Argentina compre produtos brasileiros. A ideia é que fosse criada uma espécie de “crédito de exportação”, um financiamento às empresas brasileiras que vendem para empresas argentinas que importam serviços e mercadorias do Brasil. O país vizinho está atrasando pagamentos a esses exportadores brasileiros.

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