POLÍTICA
Bancada do Acre no senado está dividida entre Pacheco e Marinho e entra no radar do governo Lula
A bancada federal do Acre no senado composta por Sérgio Petecão (PSD), Márcio Bittar (União Brasil) e o novato Alan Rick (União Brasil), que deve tomar posse no dia 1 de fevereiro, está dividida em relação a eleição da mesa diretora da casa, em especial à presidência disputada entre o atual chefe do legislativo, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o também senador Rogério Marinho (PL-RN), aliado declarado do ex-presidente Jair Bolsonaro.A eleição deve ocorrer após a posse dos novos senadores.
O ac24horas procurou os senadores para se posicionarem a respeito da eleição e somente Alan declarou voto aberto a Rogério Marinho. “Acredito que Rogério levará o Senado novamente a sua posição de independência e protagonismo. Vai trabalhar para fazer prevalecer o equilíbrio entre os poderes diante da escalada autoritária que afronta a Constituição e fere a democracia”, disse o parlamentar acreano, dando a entender ser contrário às últimas decisões do Supremo Tribunal Federal, principalmente do Ministro Alexandre de Moraes.
Já Bittar evitou declarar voto aberto, apesar de ter uma forte ligação com Marinho e o bolsonarismo. “Estou tentando unir todo mundo, que é o ideal nesse momento tão conturbado. Tentarei até o último minuto que haja uma única chapa , cada um com seu espaço de poder”, frisou o senador do UB.
Petecão, que sempre foi aliado de primeira hora de Pacheco, revelou que o clima anda tenso para a composição da mesa diretora. “Estamos indo numa reunião agora do partido . Aí vamos decidir. O clima está muito tenso, mas de qualquer forma eu sou PSD”, pontuou, se colocando à disposição de seu colega de partido.
O posicionamento dos senadores do Acre deve entrar no radar do governo federal, no sentido de perceber em qual terreno o presidente Lula estaria pisando. Alan e Bittar já declararam ser oposição ao atual governo. Já Petecão se mostrou mais aberto ao diálogo.
Favorito para se reeleger ao cargo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tem recebido o apoio formal de partidos que integram a base do governo Lula, mas tenta conter traições com a ajuda do Palácio do Planalto. Nos últimos dias, seu principal adversário, o ex-ministro Rogério Marinho (PL-RN), costurou uma aliança com os partidos do Centrão, que davam sustentação ao governo de Jair Bolsonaro, e ainda conta com dissidências em siglas como MDB e União Brasil.
Até agora, PT e PDT já formalizaram o voto em Pacheco, e a expectativa é que o MDB, o PSB e o União Brasil façam o mesmo nos próximos dias. Contando com o PSD, partido do presidente do Senado, o candidato à reeleição tem um grupo de partidos que somam 45 senadores, quatro a mais do que o necessário para ganhar a disputa.
No entanto, a conta não é tão simples, porque o voto é secreto, e as traições são comuns neste tipo de eleição. Marinho tem o apoio formal de seu partido, o PL, do PP e do Republicanos, que juntos formam um grupo de 23 senadores. Além disso, o ex-ministro de Bolsonaro conta com apoios individuais de senadores de partidos que fazem parte do governo Lula, principalmente União Brasil e MDB, além de senadores do Podemos.
Em meio a traições entre senadores de partidos aliados, Lula se reuniu ontem com Pacheco a sós na residência oficial do Senado. Mais cedo, o PT havia oficializado o apoio à sua reeleição.
— O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, demonstrou um comportamento em defesa da democracia irrefutável. Eu acho que o melhor terreno para plantar e colher direitos é a democracia— afirmou o líder do PT, Fabiano Contarato (ES).
Mas não é só Pacheco que deve enfrentar traições. Do lado de Marinho, o PL tem o senador Romário (RJ) como exemplo de quem evita assumir um posicionamento. O ex-jogador de futebol é aliado de Pacheco e faz parte da Mesa Diretora do Senado por conta de um acordo costurado pelo presidente da Casa.
O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) também vai concorrer, mas não tem o apoio nem da própria legenda, que ainda não decidiu com quem vai estar na disputa.