POLÍTICA
Barroso diz que não quis ofender eleitores de Bolsonaro
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), comentou sua fala durante congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), que acabou repercutindo de forma negativa. Na ocasião, o magistrado fez menção à “derrota do bolsonarismo”. Na tarde desta quinta-feira (13/7), Barroso ressaltou por meio de nota oficial que não quis “ofender os 58 milhões de eleitores” de Jair Bolsonaro (PL).
“Na data de ontem, em Congresso da União Nacional dos Estudantes, utilizei a expressão ‘derrotamos o bolsonarismo’, quando na verdade me referia ao extremismo golpista e violento que se manifestou no 8 de janeiro e que corresponde a uma minoria. Jamais pretendi ofender os 58 milhões de eleitores do ex-presidente nem criticar uma visão de mundo conservadora e democrática, que é perfeitamente legítima. Tenho o maior respeito por todos os eleitores e por todos os políticos democratas, sejam eles conservadores, liberais ou progressistas”, diz a nota na íntegra.
Barroso foi aplaudido, mas também vaiado durante discurso no evento, na noite dessa quarta-feira (12/7). Apesar de declarar que o direito à manifestação é sagrado, ele afirmou que o grupo estava “reproduzindo o bolsonarismo”.
Ele comparou a “resistência” dos estudantes à censura da ditadura militar (1964-1985) e disse que também venceria esse desafio. “Nós derrotamos a censura, a tortura e o bolsonarismo para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas”, ressaltou o ministro do STF.
Durante o evento, estudantes ligados à Juventude Faísca Revolucionária e ao Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT) estenderam faixas contra Barroso e a favor do piso. Em nota, a presidente da UNE, Bruna Brelaz, disse que repudia a “atitude antidemocrática de grupos minoritários” contra o ministro.
Veja o vídeo do discurso de Barroso:
A declaração desagradou aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG), Bia Kicis (PL-DF) e Carlos Jordy (PL-RJ) anunciaram que pretendem entrar com um pedido de impeachment contra o ministro. O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também criticou a fala do ministro Luís Roberto Barroso. Segundo ele, foi “inadequada, inoportuna e infeliz”. “A presença do ministro em um evento de natureza política, uma fala de natureza política, é algo infeliz, inadequado, inoportuno. O que espero é que haja por parte do ministro Luís Roberto Barroso uma reflexão sobre isso e, eventualmente, uma retratação no alto da sua cadeira de ministro do STF e prestes a assumir a presidência da Suprema Corte”, disse Pacheco.