Na semana passada, em uma fala na Central Única dos Trabalhadores (CUT) o ex-presidente Lula pediu que os sindicalistas mudassem a forma de pressionar os congressistas e passassem a procurar deputados em suas casas, nas cidades onde eles moram.
Lula apontou que a atual forma de pressionar o Congresso, muitas vezes baseada em manifestações em frente ao órgão em Brasília, não surte mais efeitos e por isso seria necessário tentar convencer deputados e familiares sobre as propostas de interesse dos trabalhadores.
“Se a gente mapeasse o endereço de cada deputado e fossem 50 pessoas na casa, não é para xingar não, é para conversar com ele, com a mulher dele, com o filho dele, incomodar a tranquilidade dele, surte muito mais efeito do que fazer a manifestação em Brasília”, disse Lula na ocasião.
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Questionado sobre a fala do petista, Bolsonaro disse: “Ele falou realmente isso daí [sobre o aborto], tem imagem e vídeo dele falando, pra ir procurar familiares de parlamentares para pressionar. Ah, meu Deus do céu, não interessa quem seja o deputado ou o senador, sua esposa e seus filhos não tem que estar nesse contexto todo. É forma de intimidar o cara.[…] Não é de agora que PT pretende fazer isso aí. Pela intimidação”, argumentou Bolsonaro.
“Ou seja, eles estão certos, tem que fazer o que eles querem senão vão atazanar a vida da sua família. Isso é interferência. Isso é um crime, isso é um ato antidemocrático. Ô Alexandre de Moraes, isso é um antidemocrático. Vai ficar quieto? É contra isso que nós lutamos”, perguntou Bolsonaro.
Aborto
Bolsonaro também criticou as falas de Lula sobre o aborto. O chefe do Executivo chamou o petista de “genocida”.
“Lula quer também, transformar o aborto como se você fosse no dentista tirar um dente ou vai no médico pra fazer um aborto, é a mesma coisa. Não tem qualquer respeito pela vida humana. O Lula é o genocida de inocentes quando ele prega abertamente o aborto no Brasil. Ele, inclusive, critica pastores e padres o tempo todo, querendo tirar a credibilidade que eles têm perante as suas comunidades”, disse Bolsonaro.
O ex-presidente defendeu a descriminalização do aborto no país e apontou que o tema deveria ser tratado como uma questão de saúde pública, e não como crime. O petista disse que mulheres pobres acabam morrendo na tentativa de realizar o aborto ilegal, sem acesso ao procedimento seguro, enquanto as mais ricas viajam para países onde o procedimento é legalizado.
“Mulheres pobres morrem tentando abortar, enquanto madames vão para Paris”, disse o ex-presidente.
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As declarações de Lula ocorreram no debate “Brasil-Alemanha – União Europeia: desafios progressistas e parcerias estratégicas”, com a presença de Martin Schulz, ex-presidente do Parlamento Europeu e representante da Fundação Friedrich Ebert (FES).