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POLÍTICA

Cardeal brasileiro fala sobre futuro da Igreja às vésperas do conclave: ‘Um retrocesso seria impensável’

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Dom Jaime Spengler é presidente da CNBB e do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho Foto: DW / Deutsche Welle

Nos próximos dias, Dom Jaime Spengler estará em uma das salas mais decisivas da história recente da Igreja Católica: a Capela Sistina, onde o próximo papa será escolhido. Arcebispo de Porto Alegre, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam), o cardeal franciscano de 64 anos será um dos sete brasileiros com direito a voto no conclave.

Em entrevista ao Estadão, na noite de sexta-feira, 25, Dom Jaime falou sobre as mudanças que vêm moldando o futuro da Igreja, especialmente a partir do último Sínodo dos Bispos. Segundo ele, temas como governança participativa, transparência e descentralização já são realidade em muitas dioceses latino-americanas, mas precisam ganhar força em todo o mundo. “O bispo ou o pároco não é senhor absoluto de sua comunidade. Está ali a serviço e deve prestar contas também”, afirmou.

Essa busca por corresponsabilidade aparece com força no documento final do Sínodo, que propõe redefinir o que é reservado ao papa e o que pode ser confiado aos bispos locais. Para Dom Jaime, o espírito é claro: “Descentralização. Sem esquecer o princípio da corresponsabilidade.”

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O cardeal também tratou da preocupação com a unidade da Igreja, tema que considera central. “O grande tema de todo o Sínodo foi a comunhão. A unidade da Igreja”, disse, destacando que a sinodalidade – caminhar juntos, segundo o significado da palavra grega – é o caminho para preservar essa coesão.

Questionado sobre o perfil do futuro papa, Dom Jaime reforçou que a marca do acolhimento deixada por Francisco deve se manter. “Um retrocesso seria impensável”, disse.

“Se partimos do Evangelho, Jesus acolhia todos que Dele se aproximavam. Mas não era uma acolhida passiva”, ponderou. Para ele, a Igreja deve manter o espírito de misericórdia e compaixão, sem perder de vista a exigência do Evangelho.

No cenário global, Dom Jaime alertou para a gravidade dos conflitos armados e lamentou a falta de atenção a guerras em regiões esquecidas do mundo. Ressaltou ainda o papel ativo de Francisco na defesa da paz. “Não temos outro líder político no contexto ocidental que tenha tratado tanto da questão da paz quanto o papa Francisco.”

Ao falar sobre os desafios mais próximos da realidade latino-americana, Dom Jaime foi direto: o narcotráfico é hoje a maior preocupação dos bispos do Cone Sul. “É impressionante: a sociedade vive com medo”, afirmou, descrevendo a situação como uma verdadeira guerra, inclusive em cidades do interior.

Ao final da conversa, Dom Jaime foi questionado: Como será o futuro da Igreja. A resposta foi breve, mas incisiva: “Duas palavras: fidelidade ao Evangelho. Sem esta fidelidade ao Evangelho de Jesus, temos dificuldade de compreender o que é essencial da mensagem cristã e no que somos desafiados para corresponder a esse essencial. Se quisermos promover a vida comunitária, precisamos do Evangelho.”

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