POLÍTICA
Carta pela democracia: quem são os magnatas brasileiros que já assinaram
A carta em defesa da democracia e do sistema eleitoral elaborada pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo já possui mais de 730 mil assinaturas.
Entre as adesões, destacam-se os nomes de polícos, magistrados, artistas e também de acionistas de grandes empresas, milionários do mercado financeiro, banqueiros e donos de indústrias.
Nomes como o da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), dos candidatos à Presidência Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), André Janones (Avante) e Luiz Felipe d’Avila (Novo), do ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSB), dos ex-ministros do STF Celso de Mello e Joaquim Barbosa já estão no manifesto.
Há ainda a expectativa de que outros nomes se juntem ao grupo, mas veja alguns representantes do empresariado que já assinaram o manifesto:
Blairo Maggi
Nascido no Rio Grande do Sul, o empresário tem 66 anos é engenheiro agrônomo e o grande nome do agronegócio brasileiro. Como político, já foi governador de Mato Grosso (2003-2010) e senador entre 2011 e 2016, além de ministro da Agricultura do governo Temer.
Ele faz parte de uma das famílias mais ricas do Brasil e que fez fortuna com o Grupo Amaggi, criado pelo casal André e Lúcia Maggi nos anos 70, inicialmente focado na produção de sementes. A empresa cresceu até se tornar uma das maiores produtoras e exportadoras de soja do mundo. Blairo, inclusive, já foi conhecido como o ‘Rei da Soja’.
Em 2015, o empresário apareceu na lista da Forbes com uma fortuna de US$ 1,2 bilhão. Em 2022, a mãe de Blairo, Lúcia Maggi, apareceu na lista da Forbes como uma das oito bilionárias brasileiras.
Guilherme Peirão Leal
Nascido em Santos (SP), Guilherme Leal tem 72 anos e é co-presidente do Conselho de Administração da indústria de cosméticos Natura, além de ser dono de 25% das ações da organização.
Leal também ficou conhecido por ser candidato à vice-presidência em 2010, na chapa com Marina Silva, pelo Partido Verde.
O empresário faz parte da lista de um dos homens mais ricos do mundo, pela Revista Forbes, e sua fortuna é avaliada em US$ 1,4 bilhão (2021).
Eduardo Vassimon
Eduardo Mazzilli de Vassimon é presidente do Conselho de Administração da multinacional Votorantim desde 2019 e é considerado um dos homens mais ricos do Brasil.
Com mais de 30 anos no mercado financeiro, já ocupou diversos cargos na carreira, com passagens pelo Conselho de Administração da Investimentos Bemge S.A e diretor da Área Internacional do Banco BBA-Creditanstalt S.A.
Mazzilli também já foi membro do Conselho de Administração do Banco Itaú BBA S.A e Vice-Presidente do Itaú Unibanco S.A.
Horácio Lafer Piva
É empresário e um dos membros do Conselho de Administração da maior exportadora de papéis do país, a Klabin. Sua fortuna é avaliada em R$ 2,24 bilhões, segundo a Forbes (2021).
Na família, ele é filho do ex-senador pelo PSDB Pedro Piva e de Sylvia Salles Lafer. Também é neto materno do deputado federal, ex-ministro das Relações Exteriores e ex-ministro da Fazenda Horácio Lafer.
Na carreira, já foi presidente da Federação das Indústrias de São Paulo e também do Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa de São Paulo (Sebrae-SP). Na visão do empresário, que tem 65 anos, assinar a carta em prol da democracia foi um ato importante porque ‘há risco ao processo democrático no Brasil’.
Walter Schalka
Outro milionário do ramo do papel é Walter Schalka, que tem afirmado que a mobilização de empresários em torno da democracia nunca foi tão grande quanto agora.
Com 61 anos, o empresário está na lista dos homens mais ricos do Brasil e possui uma renda anual com a empresa Suzano que se aproxima dos R$ 23 milhões, de acordo com a Forbes.
Antes de ingressar na Suzano, onde atualmente é presidente, Schalka passou por empresas como Citibank, Grupo Dixie Toga e Votorantim Cimentos.
Roberto Setubal
Aos 67 anos, Roberto é um dos banqueiros mais bem sucedidos do país. Até hoje, é lembrado pelos feitos que produziu à frente do Itaú, de onde foi presidente até novembro de 2016.
À frente da empresa, Roberto fez o Itaú aumentar o número de clientes e o transformou no maior banco privado do país e numa holding internacional. Atualmente, além das posições no Itaú Unibanco e na Royal Dutch Shell, é membro fundador e presidente do Comitê Executivo da Fundação Itaú Social, responsável por iniciativas sociais voltadas à educação em parceria com o UNICEF e outras ONGs.
Roberto também é membro da diretoria da Conferência Monetária Internacional (IMC), da diretoria do Instituto de Finanças Internacionais (IIF) e do Conselho Empresarial Internacional do Fórum Econômico Mundial.
Na edição brasileira da Forbes de 2016, o empresário apareceu no 12º lugar como parte de uma das famílias mais ricas do Brasil, com patrimônio estimado em aproximadamente US$ 3,3 bilhões.
Pedro Moreira Salles
Nascido em Washington, o empresário tem 62 anos e é o atual Presidente do Conselho de Administração do Itaú Unibanco e dono de uma das maiores fortunas do Brasil.
Em 2016, foi listado pela revista Forbes entre os 70 maiores bilionários do país. Em 2021, sua fortuna foi estimada em US$ 2,5 bilhões, segundo a Forbes.
Além do Itaú Unibanco, Pedro também preside a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração e a Alpargatas. É ainda vice-presidente do Conselho de Administração do Brasil Warrant e sócio e co-presidente da Cambuhy Investimentos.
Por muitos anos, o empresário ainda acumulou a presidência do conselho diretor da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), onde entregou o posto em março deste ano.
Pedro Camargo Neto
É pecuarista e nome conhecido do agronegócio brasileiro. Aos 73 anos, é produtor rural há mais de 40 anos, doutor em engenharia e já foi presidente de entidades de classe e secretário de Produção e Comércio do Ministério da Agricultura entre 2001 e 2002.
Não há uma estimativa do tamanho da fortuna dele, mas sabe-se que é um dos mais ricos do agronegócio por possuir grandes fazendas, em vários estados do país, com o foco na criação de animais.
Em entrevista à Folha de São Paulo, disse que os demais empresários do agronegócio estão se enganando ao não assinar os manifestos a favor da democracia.
“É preciso entrar em uma eleição confiante de que a regra é aquela e que o resultado será aceito, mesmo que não for o que interessa a algum dos candidatos. Se houver uma turbulência na democracia, com certeza todo mundo vai ser afetado”, afirmou.
Fabio Barbosa
Nascido em São Paulo, Fábio Colletti Barbosa possui uma carreira recheada de cargos em posições de chefia em diversas empresas de grande porte. Hoje é presidente da Natura & co —que reúne as marcas Avon, Natura, The Body Shop e Aesop.
Mas no seu currículo estão 12 anos na Nestlé, onde trabalhou nas áreas de finanças e controle de gestão. Também já foi CEO da Santander, CEO do grupo Abril, presidente da Fundação Itaú, membro do conselho de administração da Ambev e presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Após assinar a carta de apoio à democracia, o empresário disse ao Estadão que considera importante se posicionar sobre o tema porque é perigoso os brasileiros estarem diante de um clima de contestação do que pode ser o resultado nas urnas.
“Questionar o sistema eleitoral abre uma brecha perigosa para que se criem bagunça e tumultos. Por isso foi importante fazer um contraponto (por meio da carta pela democracia)”, disse.
Candido Bracher
Também banqueiro, Candido Botelho Bracher é outro ex-presidente do Itaú Unibanco e que vem de família ligada aos negócios em bancos. Seu pai, Fernão Bracher, foi presidente do Banco Central e vice-presidente do Bradesco.
Aos 63 anos, ele segue como membro do Conselho de Administração do Itaú Unibanco e da empresa americana de cartões de crédito, Mastercard. No passado, passou pelo Banco Itamarati, Banco da Bahia Investimento, Bahia Corretora, Banco de Desenvolvimento do Estado de São Paulo e pelo BBA, de seu pai.
Em uma entrevista à BBC, Candido afirmou que a carta em prol da democracia se faz presente em um momento em que os brasileiros não devem ficar se preocupando com a possibilidade do resultado das eleições ser contestado.
A carta é, desse modo, uma ‘manifestação preventiva’ de pessoas que se preocupam com o país diante de sinais de que a democracia pode ser ameaçada.
Representantes do agronegócio, do setor financeiro, de empresas, da sociedade civil e acadêmicos divulgaram uma outra carta em favor da democracia e do sistema eleitoral brasileiro com mais 300 representantes destes grupos, reunidos pela Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura.
“O objetivo é contribuir com uma defesa apartidária do processo eleitoral do Brasil, que desde a redemocratização do país tem mostrado uma inabalável segurança na apuração da vontade popular expressa pelo voto”, diz o texto.
“E ressaltamos que o processo eleitoral é inquestionável e imprescindível para toda e qualquer discussão que vise à prosperidade do país. Sem democracia não há desenvolvimento e sustentabilidade. Sem sustentabilidade não há futuro possível.”
Assim como na “Carta pela Democracia”, lançada por juristas e pela Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo), o texto de hoje não cita nominalmente o presidente Jair Bolsonaro (PL), nem outros políticos que frequentemente têm contestado, sem provas, a confiabilidade da urna eletrônica e do sistema eleitoral no país.
O documento será encaminhado ao STF (Supremo Tribunal Federal), a membros do Congresso Nacional e a alguns ministérios, além de embaixadas, bancos e instituições de desenvolvimento.