POLÍTICA
Coluna da Angélica no NHN – Alan Rick e Márcio Bittar devem perder espaços no União Brasil
1-Vai
A decisão da Ministra do STJ, Nancy Andrighi, de desmembrar as investigações da Operação Ptolomeu, significa que o inquérito chegou ao final. Ou seja, o que tinha que ser colhido, já foi. Não necessita de novas diligências. Portanto, o processo entra na fase de oferecimento de denúncia. O natural é que haja uma agilização para o final da pendenga porque o STJ só vai julgar o que for referente ao governador Gladson Cameli (PP). Todos os demais citados deverão ser repassados para a Justiça Federal do Acre. Analisando a decisão entende-se que a tendência é que seja oferecida denúncia contra o governador do Acre. Se o Ministério Público Federal oferecer a denúncia, o governador passa de indiciado a réu. O resultado deve sair nos próximos meses. Talvez mais um ano de expectativa se for levado em conta que a Operação Ptolomeu foi deflagrada em dezembro de 2021 e se arrastou por quase dois anos. Portanto, plagiando Sérgio Souto, puxa a cadeira e senta. Nada é para amanhã ou para a próxima semana.
2-…ou racha
Pedido de prisão e ou inelegibilidade de Gladson Cameli podem ser consequências. No caso de ser esta a consequência, e decidida no próximo ano, obviamente ele ficará impedido de disputar a eleição para o Senado em 2026. Caso demore mais e Gladson se eleja senador o processo sobe para o STF. Nesta hipótese, pode puxar todas as cadeiras da casa e mais o sofá para esperar bem sentado porque a expectativa sobre a decisão levará anos. O passo a passo da justiça é lento. Exemplo disso é o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), que mesmo com todos os indícios de corrupção permanece como o terceiro na linha de sucessão da presidência e chantageando a presidência dia sim outro também. A expectativa de alguma solução para o caso Lira é que só aconteça quando ele sair da presidência da Câmara. Aí poderá ser preso. Como aconteceu com Eduardo Cunha (MDB) que já foi o mais poderoso do país.
3-Pior que o soneto
A declaração do Presidente da Fundação Elias Mansour (FEM),Minoru Kinpara (PSDB), sobre a cessão de um espaço cultural para a realização de um culto evangélico saiu pior que o soneto. Kinpara disse que o importante é que esses espaços funcionem. E que, em livre interpretação, se o pessoal das artes quiser, que faça isso também. Em que pese a antiga discussão sobre a interconexão entre religião e cultura, de como uma influencia a outra é preciso destacar uma divergência fundamental: a arte é libertadora ao passo que a religião é limitante. Para as religiões fundamentalistas o Estado deve ser subserviente a Deus. Enfatizam crenças e teorias. Enxergam suas escrituras sagradas (Bíblia, Alcorão, etc) como a palavra autêntica e literal de Deus. Como as escrituras são consideradas inerrantes, os fundamentalistas acreditam que nenhuma pessoa tem o direito de mudá-la ou discordar dela. Em contrapartida a arte é provocativa. Transmite questionamentos sobre a realidade. Uma visão crítica da sociedade. Além disso a FEM é uma fundação de cultura. Não uma fundação de apoio religioso. Melhor seria ter reconhecido o erro e se comprometer a não repeti-lo. A declaração de Minoru foi dada ao jornalista Luciano Tavares no podcast Papo Informal. Nada mais a declarar. Estou perdida em Persépolis.
4-Contradição
Defender Israel neste conflito com a Palestina e votar a favor do Marco Temporal é uma contradição gritante. Esta é a posição da maioria dos políticos brasileiros que são a favor do Marco Temporal. Enquanto defendem o “direito histórico” dos sionistas à Faixa de Gaza, negam o mesmo direito aos povos indígenas do Brasil ao seus territórios. Enquanto a bandeira de Israel estava projetada na cúpula do Senado por determinação do senador Davi Alcolumbre (União), judeus antissionistas queimavam a bandeira de Israel em protesto aos ataques israelenses aos palestinos dizendo que ‘Judaísmo não é sionismo! Israel não é o estado do povo judeu! Israel não representa os judeus e não fala em nome deles! Os judeus não são responsáveis pelas ações do Estado de Israel! Antissionismo não é antissemitismo’. Olhos atentos, observai. Nesta questão temos inocentes úteis e políticos aproveitadores. Os primeiros são os que aceitam que as questões territoriais e sociais sejam balizadas por princípios religiosos. Endossam por falta de conhecimento uma distorção que só favorece aos extremistas. Os segundos, são aqueles políticos que se aproveitam de questões internacionais para alimentar o noticiário em vez de se preocuparem com a melhoria do povo que os elegeu. Alimentam a mistura nociva entre religião e política. Com proveito próprio. Inocentes úteis e aproveitadores inúteis se dividem no debate.
5-…e crueldade
A preocupação de todos deveria ser com as pessoas que estão morrendo. Independente de raça ou credo. Não se pode tolerar que um povo dizime outro como se fosse uma praga. E o pior, aceitar que isso seja feito em nome de Deus. Se todos são filhos de Deus, como poderia o Pai de Todos, orientar que parte de seus filhos seja assassinado por seus outros filhos? O presidente da Colômbia Gustavo Petro resumiu a questão desta maneira: “A única maneira de as crianças israelenses dormirem em paz é as crianças palestinas dormirem em paz”. Os EUA anunciou o envio de navios de guerra e armamentos para dar suporte a Israel. O interesse dos Estados Unidos em manter Israel forte militarmente nada tem a ver com a proteção de civis. Os EUA não dão ponto sem nó. Os Estados Unidos lucram com as guerras. Eles faturam trilhões de dólares com isso. Só com armas semiautomáticas eles arrecadaram mais de 1 bilhão de dólares na última década. Para a indústria armamentista quanto mais violência e mais guerra, mais lucro. Por isso onde tem conflito tem EUA no meio.
6- Neutralizados
Não se assustem se nos próximos dias o poder do senador Alan Rick (União) fique restrito a alguns diretórios municipais e o também senador Márcio Bittar (União), perca todos os espaços no partido. Fontes de Brasília garantem que a direção estadual do União Brasil ficará com Fábio Rueda que é nada menos que irmão do vice-presidente do partido, Antonio Rueda, considerado o 2º mais poderoso na sigla, atrás apenas do presidente Luciano Bivar. Pelo jeito, senador não tem moral no partido. Poderão ser dirigidos por um político sem mandato. Novos tempos. Fábio Rueda não obteve sucesso na eleição de 2022 quando se candidatou a uma vaga na Câmara dos Deputados. A mudança na direção estadual deve afetar as pretensões eleitorais de 2026 no União Brasil do Acre. Aguardemos.
7-Mexida
As placas “tectônicas” políticas do Acre se movimentam. O ex-deputado Jenilson Leite (PSB) recebeu a orientação do vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin para que coloque sua candidatura à prefeitura de Rio Branco e analise a resposta da população. Conforme o resultado, entre na briga. Jenilson ainda se mexe com uma certa timidez em relação a disputa em 2024. E mesmo assim vem despertando simpatias. Principalmente dos que não comungam com as ideias da Direita e se sentem abandonados pela Social Democracia com a ida de Marcus Alexandre para o MDB. E não são poucos. Uma candidatura de Jenilson mexe no tabuleiro. Tião Bocalom (PP) também se mexe. Pessoa muito próxima ao prefeito garante que ele vai para o PL. Está decidido. Só não anuncia porque a intenção é desgastar o PP até os 45 minutos do segundo tempo. Enquanto isso uma briga generalizada teria sido registrada no seu setor de comunicação arriscando até separação de casal. Ainda por cima, insiste em vestir uma fantasia que não lhe cabe. A de DJ ficou bizarra. O senador Sérgio Petecão (PSD) decidiu compor com Alysson Bestene (PP), mas sua esposa, Marfiza Galvão, apoia Marcus Alexandre e aparece com Michelle Melo (PDT). Pensou num balaio de gatos? Ninguém pode te culpar. Que venham os debates para avaliarmos as propostas. Até agora sabemos quem são os candidatos. Não sabemos o que pretendem fazer pela cidade. Nomes, sorrisos e cafezinho não são indicativos de boa administração.
8-Convocação
O líder do governo, Manoel Moraes (PP), convocou a base para a guerra. Sob a liderança de Moraes, a ordem é tratorar a oposição. “Quem tem a maioria dita as normas”, disse ele. O incômodo do líder é a capacidade de três parlamentares pautarem os debates na Assembleia Legislativa. Entende-se a preocupação do líder mas na verdade quem escolhe a música, rege a orquestra e determina a coreografia é o deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB). Os outros dois ainda são aprendizes. E mais desafinam do que tocam. Mas Manoel Moraes tem razão na cobrança. Quem se beneficia em ser da base, tem obrigação de agir como base. O problema não é deixar as sessões ainda mais enfadonhas. O problema é despertar a oposição para a vida fazendo com que se debrucem para questões mais cabeludas. Tem muito mais água debaixo da ponte do que enxergam.
Bom dia, vice-governadora Mailza Assis (PP). O povo está dividido a respeito de Vossa ausência na solenidade de entrega de títulos em Senador Guiomard. Uns acham que não foi para não se encontrar com vosso ex-marido James Gomes e a ex-cunhada Rosana Gomes (PP). Outros, que Vossa Excelência teme possíveis consequências da Operação Ptolomeu. Que acaso assuma o governo ressuscitem a condenação por improbidade quando era Secretária de Assistência Social na gestão do então marido. Qual das duas opções motivou vosso pé no freio? Ou nenhuma das alternativas citadas?
Esta é uma coluna de opinião e reflexão
Contato- angellica.paiva@gmail.com