POLÍTICA
Coluna da Angélica no NHN – Sobre escolhas e pedidos de expulsão: decisões políticas na ordem do dia
1- Cartas marcadas
A aclamação de Alysson Bestene como candidato do PP à prefeitura de Rio Branco mais que o crédito ao Secretário de Governo, foi o cumprimento a ordem do governador. Gladson quer, o PP executa. Simples assim. Alysson é confiável para ajudar na eleição de Gladson para o Senado em 2026. Ponto. Mas o Progressistas exagerou na dose. Não se contentou em colocar o prefeito Tião Bocalom para escanteio. Do nada brotaram quatro pedidos de expulsão por infidelidade partidária. Não precisavam pagar esse mico. Bocalom foi infiel por não ter apoiado a candidatura de Gladson em 2022, mas Cameli não foi infiel por não apoiar Bocalom em 2020. Tião Bocalom disputou a prefeitura da capital em 2020 pelo PP. O governador do PP, apoiou Socorro Néri, na época, do PSB. Bocalom que em 2020 contou com o apoio do senador Sérgio Petecão (PSD), em 2022 foi fiel a quem lhe apoiou. Oficialmente quem apresentou os pedidos de expulsão do prefeito, foram militantes. Os mesmos que poderão ser chamados de “aloprados do PP”, pela própria executiva, se algo der errado. E que na voz popular são apenas e tão somente “buchas de canhão”.
2-Incógnita
Se o Progressistas vai levar em frente a expulsão do prefeito, é uma incógnita. E se o expulsar ele pode recorrer a justiça. O mesmo se dá em relação a negação da legenda para ele concorrer. Apesar de descartada por antecipação uma intervenção no partido por causa do fator Bocalom, uma puxada de orelha da nacional pode acontecer. O partido também corre o risco de sair desmoralizado dessa aventura. Já imaginaram se Bocalom muda de partido e vence a eleição? Isso não é tão difícil de acontecer. Caso ele consiga construir as 1001 casas populares, calce as sandálias da humildade e assuma a posição de vítima, tem mais de meio caminho andado. E pode deixar Alysson na calçada observando Marcus Alexandre dentro d’água. O jogo está recém começando. Façam as apostas.
3- Sinal
A ausência de todos os vereadores do PP na aclamação de Alysson Bestene mostra uma certa fidelidade ao prefeito. Mas é cedo para avaliar. Tanto eles podem permanecer fiéis a Bocalom e partirem com ele para outra sigla quanto avaliarem que a terra firme está nos pés de Alysson/Gladson e mudarem de opinião. Seja como for, foi uma decisão corajosa não comparecer ao evento. Embora apenas João Marcos Luz tenha feito uma manifestação pública em defesa do prefeito.
4-Quinto elemento
Caso o ex-deputado Jenilson Leite (PSB) entre na disputa, vai tirar votos de Marcus Alexandre (MDB), mas isso nem de longe beneficiaria Alysson Bestene (PP) que divide o eleitorado com Tião Bocalom (PP), Emerson Jarude (NOVO), Ulysses Araújo (União), e quem mais chegar. Em que pese o eleitorado fiel, o nome limpo, os excelentes projetos e o anseio de uma parcela expressiva do eleitorado que vê nele a única candidatura realmente comprometida com o bem estar social, Jenilson precisa avaliar com cuidado esta possibilidade. Sair apenas com a Rede e o PSOL contra a máquina do governo e o trator do MDB/PT pode resultar numa trombada histórica. Além do que ao que parece a Rede já foi seduzida pelo MDB. Jenilson é um excelente quadro, mas está sem moldura. E este é o problema. Nem sempre o melhor consegue se lançar. Por outro lado Marcus Alexandre saiu da Esquerda mas a Esquerda não saiu dele. No PT ou no MDB, estão todos com ele. Jenilson é bom demais para entrar nessa sem apoio partidário expressivo. Só acho. Embora parcela expressiva do eleitorado se sinta órfão de alternativa.
5- Bomba ativada
Recentemente o Policial Penal Adriano Marques, requentou o problema da falta de segurança no Presídio Francisco de Oliveira Conde. De acordo com ele, tem pavilhão com mais de 500 detentos com apenas 4 policiais penais para garantir a integridade deles. O que significa um policial para cada 125 presos. Uma rebelião ou briga de facções dentro do presídio fará o ocorrido no presídio Antônio Amaro parecer briga de crianças. Há apenas dois meses uma rebelião no presídio de segurança máxima deixou 5 mortos, três deles decapitados. A resposta do governo foi a troca de chefe do Iapen. Just. O Ministério Público encontrou osso na marmita fornecida aos presos. Pausa para o espanto.
6-Na real
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, fez um discurso interessante na reunião da ONU. Evidenciou que a chamada Guerra às Drogas não passa de um instrumento para manipular e submeter as nações. Que a verdadeira batalha deveria ser contra os “terroristas financeiros”, donos do dinheiro do mundo. Grupos que não têm bandeira. Se escondem atrás de todas as bandeiras e aderem a qualquer ideologia que lhes permita ampliar os lucros. Segundo Petro, os EUA iniciaram a guerra contra as drogas para conter a juventude que se opunha a guerra do Vietnã “e acabaram por conduzir a sociedade a droga do neoliberalismo. Em nome do combate as drogas encarceraram milhões de negros e latino-americanos em cárceres privados e destruíram democracias na América Latina. Enquanto isso o fentanil mata mais de 100 mil jovens por anos nos EUA”. O país com a maior criminalidade interna e externa quer ser o justiceiro do mundo. Sobre o fentanil, permitam-me sugerir o documentário “O crime do século” que mostra a indústria legalizada de opiáceos nos EUA e o apoio político que essa indústria tem. Inclusive de Rudolph Giuliani, o prefeito de Nova York que ficou famoso no mundo pelo programa Tolerância Zero que punia qualquer tipo de crime. Quando o lucro entra em campo a ética perde de goleada.
Político lacrador é aquele que pauta a sua atuação pela repercussão que terá nas redes sociais. Com base nisso, escolhe cuidadosamente os temas que aborda, joga com as insatisfações e principalmente os temores da população. Extrai suas pautas do pesadelo geralmente moral, da população menos informada. Não para resolvê-los, mas para obter apoio para permanecer no jogo. É extremamente nocivo exatamente por não apresentar soluções reais de melhoria das condições de vida. É um embusteiro. Olhos atentos observam que não se pode deixar passar nenhuma publicação desse tipo de político sem uma reflexão sobre o valor social de seus posicionamentos, declarações e publicações. Não há sentido em manter parlamentares que se mantém de alardes apenas para satisfazer sua base de apoiadores. Arthur do Val, conhecido como Mamãe Falei, é um exemplo muito claro disso. Foi eleito pelos “cansados da velha política”. Mas a nova política dele chegou e não apresentou resultados. Observemos os eleitos pelo Acre.