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POLÍTICA

De recordista de votos a última tentativa nas eleições: a trajetória política de ex-prefeito de Maceió

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Cícero Almeida, de 66 anos, experimentou uma trajetória política que se estendeu por mais tempo do que ele esperava ao se lançar como candidato pela primeira vez. Em 2008, na eleição municipal, ele se destacou nacionalmente ao ser reeleito com a maior votação entre os candidatos das capitais brasileiras, obtendo 81,49% dos votos válidos — um recorde que se manteve em Maceió até 2024, quando João Henrique Caldas, conhecido como JHC (PL), alcançou 83,25% nas eleições municipais deste ano.

No entanto, após dezesseis anos, Cícero se lançou como candidato a vereador em Maceió pelo PDT, mas obteve um resultado surpreendente, até para ele: apenas 1.793 votos, o que o afastou da disputa por uma das 27 cadeiras do Legislativo. Em entrevista ao Terra, ele declarou que dessa vez não pretende mais retornar à vida política.

Cícero conta que começou sua carreira no rádio, trabalhando inicialmente como motorista da Rádio Gazeta em 1978, mas logo se interessou pela operação dos equipamentos e se tornou operador de áudio. “Eu vi os caras operando e falei: ‘Cara, eu quero isso’”, relembra. Pouco tempo depois, ele foi contratado pela 96 FM, onde se consolidou como locutor com o maior índice de audiência no horário.

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Além da popularidade no rádio, ele atuou como repórter policial por 25 anos, sendo 10 deles na televisão local. Esse contato com o público fez com que ele se tornasse amplamente conhecido, o que o impulsionou para a vida política. A primeira experiência de Cícero como locutor de palanque veio em 1994, durante uma campanha para o PDT. No entanto, ele só ingressou oficialmente na política em 1999, quando se filiou ao PSL e arriscou seu emprego na televisão para se candidatar.

Em conversa com a reportagem, ele relembra o apoio popular que recebia quando cobria matérias policiais: “Chegava num local de crime, tinha uma multidão lá, todo mundo me abraçava. Eu me tornei um cara conhecido em pouco tempo”. Essa popularidade foi decisiva para sua primeira eleição. Em 2000, ele foi eleito vereador de Maceió com 7.627 votos. A televisão, que inicialmente havia dito que não iria recontratá-lo caso perdesse a eleição, depois o recebeu com festa.

“Aí, na condição de vereador, montei um projeto, uma clínica de atendimento, principalmente a mulheres, que atendia nos mais diferentes setores. Toda uma estrutura que atendia mais de 40 mil pessoas”, relembra. Já em 2002, ele foi eleito deputado estadual pelo PDT. “Foi então que aumentei a estrutura de atendimento, com mais clínicas”.

O grande marco de sua carreira política veio quando ele se candidatou à prefeitura de Maceió e, em 2004, foi eleito prefeito da capital alagoana. Em seguida, em 2008 foi reeleito com 81,49% dos votos válidos. Cícero afirma que sempre teve o carinho da população. “É uma história de amor. Desde 1994, que eu entrei na televisão, são 20 anos”. Após concluir seu mandato como prefeito em 2012, ele concorreu novamente em 2014 e foi eleito deputado federal pelo PRTB, conquistando 64 mil votos.

Sequência de derrotas 

O ano de 2016 marcou uma sequência de derrotas na política para Cícero. Naquelas eleições, ele tentou retornar ao cargo de prefeito pelo MDB, no entanto, foi derrotado no segundo turno por Rui Palmeira, que foi reeleito pelo PSDB.

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Em 2018, já afastado dos principais grupos políticos, ele se candidatou a deputado estadual, função que já havia ocupado entre 2002 e 2004, mas recebeu apenas 8.405 votos e não conseguiu o cargo. Em 2020, tentou novamente disputar a prefeitura, dessa vez pelo Democracia Cristã, mas obteve 9.905 votos, o equivalente a 2,7% dos votos válidos.

Em 2024, ao disputar uma vaga como vereador, Cícero Almeida afirmou ter começado a investir no uso das redes sociais, algo que até então não fazia parte de suas campanhas. “Obtive muitas visualizações nas lives e nas publicações. Acho que, hoje em dia, muitos candidatos compram votos, e eu nunca fiz isso”, declarou.

Apesar de seu sucesso inicial, ele afirma ao Terra que a política mostrou ser um ambiente difícil. Ele reconhece ter tido uma “paixão momentânea pela política, mesmo sabendo que ela é traiçoeira”. Segundo Cícero, a política o decepcionou em vários momentos, especialmente quando viu de perto os “desastres” e aspectos negativos do meio.

Hoje, o ex-prefeito se mantém próximo do povo, afirmando que continua recebendo carinho da população.  “Nenhum dos candidatos recebeu o carinho que eu recebi nas caminhadas”. Embora seu amor pela política tenha esfriado, ele destaca que mantém a convicção de que foi um representante conectado com os desejos da população.

“Meu sentimento ainda é de vitória, não me arrependo de me candidatar esse ano. Nunca fui profissional da política. O profissional é aquele cara que passa anos estudando. Eu não estudei muito, porque tinha que cuidar da minha família e dos meus irmãos. Então tinha apenas um segundo grau e acredito que um adulto com um segundo grau, com cinco “diplomas”, um de deputado estadual, um de vereador, dois de prefeito, um de deputado federal e tantas honrarias que eu recebia, é só louvar e agradecer a Deus”, afirmou.

Cícero declarou que, a partir de agora, seguirá sua vida longe da política, desejando sucesso aos eleitos. “Agora, só sigo o partido de JC, Jesus Cristo, que sempre foi meu guia. Continuo torcendo pela minha cidade e por essa nova geração que assumiu, para que cuidem bem dessa linda nação.”

 

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