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POLÍTICA

Delator revela detalhes de falsa tentativa de matar ex-prefeito de Taboão: ‘Queria um susto que desse mídia’

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O ex-prefeito José Aprígio (Podemos) ao votar usando uma cadeira de rodas depois de falso atentado Foto: Samara Matos/Divulgação / Estadão

O delator Gilmar de Jesus Santos, que firmou um acordo de colaboração com as autoridades que investigaram um suposto atentado contra o então prefeito de Taboão da Serra, José Aprígio (Podemos), revelou que o crime, na verdade, tratava-se de um falso atentado. Ele também forneceu aos investigadores detalhes sobre o caso. A delação foi divulgada pelo programa Fantástico, da TV Globo.

Na ocasião do suposto atentado, seis disparos de fuzil foram realizados, e um deles perfurou a blindagem do vidro, atingindo o ombro de Aprígio. Logo depois, os criminosos fugiram do local e incendiaram o veículo para eliminar possíveis evidências do crime.

Após o ocorrido, no hospital, o prefeito José Aprígio, que era candidato à reeleição, expressou gratidão aos seus apoiadores: “Graças a Deus que eu tenho o apoio da minha família, de vocês, das igrejas que estão orando por mim, da minha família, mas dói muito.”

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O ataque simulado aconteceu uma semana antes do segundo turno das eleições municipais do ano anterior. Aprígio havia ficado em segundo lugar no primeiro turno, e, apesar de o episódio violento ter agitado o cenário político, não foi suficiente para evitar sua derrota.

Três dias após o ocorrido, Gilmar de Jesus Santos foi preso como suspeito do crime. Ele, porém, decidiu colaborar com as autoridades, expondo a montagem do falso atentado. Gilmar admitiu que estava ao volante do carro junto com Odair Junior de Santana e que ambos atiraram contra o veículo do prefeito.

“Por que isso não foi feito quando o prefeito estava em extrema vulnerabilidade, andando na rua, vendo as obras, saindo do restaurante ou mesmo dentro do restaurante sem nenhum tipo de proteção? Nós percebemos que aquilo ‘ó, está muito esquisito, isso daqui’”, afirmou o delegado Hélio Bressan em entrevista ao Fantástico.

De acordo com Gilmar, o plano inicial era evitar que o prefeito fosse atingido. “Eu propus atirar no capô do carro, na frente do carro, para não atingir ninguém. Ele falou que na frente não servia, só lateral. Ele ia estar parado dando a lateral para mim, para eu poder atirar na lateral”, afirmou.

“Ele queria um susto, mas um susto que desse mídia para poder passar no Fantástico, para chamar atenção do eleitor. Era para passar no domingo, antes do segundo turno”, relatou Gilmar.

Conforme as investigações, os intermediários do atentado forjado eram Anderson da Silva Moura, conhecido como Gordão, e Clóvis Reis de Oliveira. Gilmar declarou que os dois recebiam informações de um funcionário da prefeitura muito próximo ao prefeito, alguém que se identificava como secretário de obras.

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As investigações policiais ainda buscam identificar o indivíduo que se passava por secretário de obras. Embora nunca tenha tido contato direto com José Aprígio, o colaborador afirmou às autoridades que pessoas próximas ao então prefeito garantiam que ele estava ciente do plano e o aprovava.

Outro detalhe revelado pelo atirador foi a exigência específica vinda de dentro da prefeitura: a arma utilizada no falso atentado deveria ser um fuzil.

“Eles insistiram que tudo fosse feito conforme o planejado, para que parecesse real. Eu avisei que o fuzil poderia furar a blindagem. Se o objetivo era apenas chamar atenção, havia risco de atingir alguém dentro do carro. Eu não faria isso. Ele respondeu que não, pediu um tempo para pesquisar”, relatou Gilmar, que receberia R$ 100 mil pelo “serviço”.

“Sim, ao que tudo indica, houve um erro de cálculo grotesco ao acreditar que uma blindagem 3A seria capaz de resistir a um tiro de fuzil”, declarou o promotor Juliano Atoji.

Com base nas informações da delação, a polícia conseguiu prender Anderson, conhecido como Gordão, nesta semana, mas ainda não localizou Clóvis Reis de Oliveira. Além de Gilmar, outras duas pessoas foram denunciadas por tentativa de homicídio e associação criminosa: Odair Junior de Santana e Jefferson Ferreira de Sousa, que auxiliou na fuga. Ambos estão foragidos.

Em nota, a defesa de Anderson da Silva Moura afirmou à TV Globo que “o investigado nunca teve qualquer contato com o delator, os ex-secretários, o ex-prefeito ou qualquer indiciado nesse processo.”

“O prefeito está sob investigação. Inicialmente, ele é considerado vítima, mas, com base nos elementos colhidos, foi alvo de busca para verificar se tinha conhecimento do atentado que seria praticado contra ele”, explicou o promotor Juliano Atoji ao Fantástico.

O advogado do ex-prefeito defende que José Aprígio não teve participação no atentado. “Não é plausível imaginar que uma pessoa de 73 anos se submeteria a um tiro de fuzil na esperança de alterar o resultado de uma eleição. Tenho certeza de que, ao final, ficará claro não apenas para ele, mas para seus familiares e toda a sociedade que ele é a vítima nessa história”, disse Alan Mohamed Melo Hassan.

De acordo com o Ministério Público, além do ex-prefeito, outras 15 pessoas estão sendo investigadas por envolvimento no falso atentado, incluindo três ex-secretários. “Sim, tentou-se naquele momento imputar uma narrativa de que o atentado teria sido encomendado por uma organização criminosa e pelo grupo político rival, mas ficou evidente que partiu de pessoas próximas ao prefeito”, afirmou o promotor Juliano Atoji.

“Tudo indica que foi uma farsa”, declarou o delegado Hélio Bressan ao Fantástico.

 

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