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RIO BRANCO

POLÍTICA

Deputado diz que doenças do coração em policiais penais são causadas pela carga de trabalho de 24/72

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O deputado estadual Arlenilson Cunha expressou sua preocupação, em seu pronunciamento na Sessão Ordinária da Assembleia Legislativa do Acre desta terça-feira, 18, com o número de agentes da segurança pública que têm morrido ou sido internados, acometidos por infarto e princípio de infarto nos últimos meses.

“Só agora nós tivemos o policial militar, Kemel, que faleceu vítima de infarto. Tivemos três policiais penais, um dos quais passou 24 dias internado. Durante 30 a 40 dias, três policiais penais tiveram princípio de infarto. E ontem, no final de semana, manifesto aqui minha solidariedade à família da nossa colega, policial penal Maria Aparecida Alves de Souza, que faleceu vítima de um infarto fulminante”, disse Arlenilson Cunha.

O policial penal e deputado estadual Arlenilson Cunha destacou que muitos policiais civis, militares e penais estão tendo problemas de infarto devido à grande carga de trabalho a que são submetidos.

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No caso dos policiais penais, categoria do deputado, eles têm que cumprir 40 horas semanais e podem trabalhar até 24 horas seguidas, com banco de horas. No entanto, as escalas são feitas em regimes de plantão de 24/72, ou seja, trabalham um dia e folgam três, ou em alguns poucos casos, 24/48, onde trabalham um dia e folgam dois. Quando os policiais penais ultrapassam as 40 horas semanais, devem receber folga. No caso de trabalho “extra” no banco de horas, também recebem folga posteriormente. Assim, segundo a escala normal, não ficaria pesado para ninguém.

O nobre deputado se expressou mal, muito mal, ao culpar a carga horária sem destacar que muitos estão sobrecarregados por opção própria. Para melhorar sua renda, tiram plantões de colegas, fazem banco de horas sem serem convocados e ainda fazem “bicos” em empresas privadas, realizando segurança por debaixo dos panos, o que realmente os sobrecarrega.

Já sobre a questão do medo, estresse e pressão no ambiente de trabalho, todos que prestam um concurso público para a área de segurança deveriam ter ciência dos riscos e da pressão da profissão escolhida e deveriam obrigatoriamente ser preparados para isso. Afinal, estamos falando de segurança pública, de criminosos reclusos e loucos para sair, de homens e mulheres muitas vezes perigosos e ameaçadores. O problema é que muitos buscam apenas a estabilidade de um serviço público, sem estarem capacitados para estar, por exemplo, dentro de um presídio. Mas é verdade também que falta efetivo, preparo e acompanhamento psicológico para os servidores. Para isso, uma lei já foi aprovada na Aleac para cuidar da saúde mental dos servidores da segurança pública, mas que efetivamente não funciona.

Além de se expressar mal sobre o real problema da categoria da segurança pública, Arlenilson menosprezou outras categorias que sofrem com sobrecarga de trabalho, também para melhorar seu salário. A categoria da saúde, por exemplo, onde médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem chegam a trabalhar mais de 30 horas em um só lugar, seguindo depois para plantões em outros locais. Alguns profissionais de saúde passam quase a semana toda sem colocar os pés em casa, com uma mala de roupas de uma unidade de saúde para outra. Tudo isso porque os salários são baixos e a maioria tem que tirar plantão extra, vender plantão para os colegas e trabalhar em duas ou mais unidades de saúde, elevando sua carga de trabalho para números preocupantes. Esses profissionais trabalham com vidas, são responsáveis por cuidar de pessoas enfermas, aguentam abusos e humilhações de familiares descontentes e, algumas vezes, ainda sofrem com seus superiores, o que não é diferente dos policiais penais.

O deputado Arlenilson, que politicamente parece estar “perdendo terreno” no Instituto de Administração Penitenciária (Iapen), exagerou ao atribuir a responsabilidade pela saúde dos agentes somente à carga de trabalho, sugerindo que estão sendo obrigados a cumprir essa carga exaustiva. Ele apresentou um dado que indica que 10 servidores no Iapen estão afastados por problemas de saúde. São três servidores com problemas de AVC e dois com problemas no coração. O interessante é que o nobre parlamentar admite que são causas naturais, mas culpa a jornada de trabalho. “São questões naturais, mas nós sabemos da carga excessiva de trabalho. Então faço esse registro pedindo atenção do Governo do Estado para que cuide dos servidores públicos”, concluiu Arlenilson.

A equipe do Na Hora da Notícia teve acesso a uma informação de dentro da administração do Iapen de que a escala deverá mudar de 24/72 para 24/96.

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Segundo informações, essa seria a melhor forma encontrada pela administração do órgão. Ou seja, serão 24 horas trabalhadas, um dia inteiro, com descanso de 96 horas, equivalente a quatro dias. Com a escala de 24/72 da uma média de sete dias e meio de trabalho, e na escala de 24/96 totalizam 6 dias de trabalho no mês, fora o banco de horas.

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