Após o pronunciamento polêmico na tribuna da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), em que afirmou que “deveria estar preso” por ter ajudado a “bancar” manifestantes golpistas, o deputado estadual Amauri Ribeiro (UB-GO) recuou sobre a declaração.
Em entrevista à Rádio Bandeirantes de Goiânia, o parlamentar afirmou que teve a declaração distorcida pela imprensa. Segundo ele, se referia apenas aos acampamentos nas portas dos quartéis. O deputado chegou a postar o trecho da entrevista em suas redes sociais, mas apagou logo em seguida. Veja o vídeo:
“Simplesmente , a imprensa foi lá e distorceu, levando para o dia 8 de janeiro, dizendo que eu assumi e patrocinei. Isso é vergonhoso e absurdo. Eu não seria idiota de falar um absurdo desses”, disse o parlamentar.
Continua depois da publicidade
“Por dezenas de vezes eu subi na tribuna e repudiei o que aconteceu em Brasília no 8 de janeiro. Uma vergonha, porque ficamos por quase dois meses nas portas dos quartéis em um processo pacífico e democrático, sem nenhuma quebradeira. A lei nos dá esse direito”, declarou Amauri.
Atos antidemocráticos
Na entrevista, o deputado defendeu que os acampamentos apoiados por ele com “comida, água e dinheiro” terminaram antes do dia 31 de dezembro e não tiveram qualquer relação com os ataques na Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro. Na ocasião, manifestantes que, até então, permaneciam instalados diante de quartéis em diferentes pontos invadiram e depredaram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o STF.
“Nós saímos das portas dos quartéis antes do dia 31 de dezembro. Saímos e fomos embora para casa, não participamos mais. Não tínhamos conhecimento do que iria acontecer em Brasília. E, se tivéssemos, não teríamos participado”, argumentou o parlamentar goiano, acrescentando que “quem participou de quebradeira é bandido”.
No entanto, ao ser questionado pelo apresentador do programa se, pela declaração desta terça-feira, seria possível compreender a que, exatamente, ele se referia, o próprio Ribeiro reconheceu que “falhou”: “não dá para falar que não é de 8 de janeiro, assim como não dá pra falar que é. Mas é preferível falar que é. A única falha minha ontem (terça) foi que não falei “na porta do quartel”. E aproveitaram a minha fala para direcionar como se fosse o 8 de janeiro”, disse ele.
Em suas declarações na tribuna, Amauri Ribeiro criticou a prisão do coronel Benito Franco, preso pela Polícia Federal (PF) em abril durante operação Lesa Pátria, que investiga os atos golpistas.
“A prisão do coronel Franco é um tapa na cara de cada cidadão de bem neste estado. Foi preso sem motivo algum, sem ter feito nada. Eu também deveria estar preso. Eu ajudei a bancar quem estava lá. Pode me prender, eu sou um bandido, eu sou um terrorista, eu sou um canalha, na visão de vocês. Eu ajudei, levei comida, levei água e dei dinheiro”, confessou.
Sobre a possibilidade de que seu mandato na Alego seja cassado por conta das declarações, Amauri disse que não tem medo. “É claro que não (tenho medo). Mas vivemos tempos escuros. É uma caça às bruxas. E nós, da direita, somos a bruxa. Estou sendo acusado de algo que não fiz”.
Propaganda