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POLÍTICA

Em Cúpula dos Líderes, Lula compara Amazônia à Bíblia, cita ‘interesses egoístas’ e cobra verba

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Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou durante a abertura da Cúpula de Líderes da COP30 Foto: Isabel B./COP30

Na abertura da Cúpula de Líderes da COP30, realizada em Belém (PA), nesta quinta-feira, 6, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparou a Amazônia à Bíblia, citou ‘interesses egoístas’, pediu o fim dos combustíveis fósseis e cobrou recursos para os países mais vulneráveis.

No rápido discurso, que durou 14 minutos, Lula colocou a escolha da Amazônia como sede do evento no centro de sua mensagem, defendendo que o encontro deve servir não apenas para discussão, mas para ação e visibilidade global.

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“Pela primeira vez na história, uma COP do Clima terá lugar no coração da Amazônia. No imaginário global, não há símbolo maior da causa ambiental do que a floresta amazônica. Aqui correm os milhares de rios e igarapés que conformam a maior bacia hidrográfica do planeta. Aqui habitam as milhares de espécies de plantas e animais que compõem o bioma mais diverso da Terra”, disse.

“A Amazônia para o mundo é como se fosse uma Bíblia, todo mundo sabe que existe, cada um interpreta da sua forma”, acrescentou.

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O presidente lembrou o contexto histórico do regime climático global, trouxe números e marcos internacionais e chamou atenção para a necessidade de enfrentar as discrepâncias entre promessas e implementação. Segundo ele, a COP30 precisa ser um momento de verificação de compromissos, de definição de caminhos para financiamento climático e de medidas para acelerar a transição energética sem deixar ninguém para trás.

“Mais de 250 mil pessoas poderão morrer ao ano com aquecimento global. Não podemos abandonar o objetivo do Acordo de Paris de aquecimento de 1,5°”, destacou o presidente. “Nossas palavras aqui na Cúpula devem servir de bússola para as negociações técnicas. Nosso objetivo é enfrentar as divergências com essa cúpula de líderes em Belém.”

Lula ainda ressaltou que o encontro em Belém precisa marcar uma virada, não mais apenas discussões teóricas, mas compromissos concretos. “COP30 será a ‘COP da verdade’”, afirmou ele, que criticou ‘interesses egoístas’.

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“É o momento de levar a sério os alertas da ciência. É hora de encarar a realidade e decidir se teremos ou não a coragem e a determinação necessárias para transformá-la.”

Para o presidente, a realização da COP30 na Amazônia, é também um aviso de que o debate climático não pode ser isolado dos povos, das florestas e dos biomas. “Aqui [na Amazônia] residem milhões de pessoas, dezenas de povos indígenas, cujas vidas são atravessadas pelo falso dilema entre a prosperidade e a prevaricação. São elas que, diariamente, conjugam seus modos de vida e a busca legítima por uma existência digna com a missão vital de proteger um dos maiores patrimônios naturais da humanidade. Por isso, é justo que seja a vez dos amazônidas de indagar o que tem sido feito pelo resto do mundo para evitar o colapso de sua casa”, afirmou.

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Cobrança para fim de combustíveis fósseis

Em seu discurso, Lula também defendeu a construção de um “mapa do caminho” para substituir os combustíveis fósseis. “Foram necessárias 28 conferências para que se reconhecesse, pela primeira vez em Dubai, a necessidade de se afastar dos combustíveis fósseis e de reverter o desmatamento”, disse.

A fala, no entanto, ocorre após uma série de críticas de ambientalistas à licença concedida para a exploração de petróleo na Margem Equatorial da Foz do Amazonas, diante dos riscos de vazamentos. O governo argumenta que há segurança técnica na atividade, considerada importante para financiar a transição energética do país e reduzir as desigualdades na região.

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Presidente cobra recursos 

Lula também voltou a defender a destinação de US$ 1,3 trilhão para financiar ações de adaptação climática, especialmente voltadas aos países mais vulneráveis. Essa tem sido uma reivindicação constante dele nas conferências do clima, em resposta às promessas não cumpridas das nações desenvolvidas desde a conferência de 2009, que previam o aumento do repasse de recursos.

O presidente destacou que, para que o mundo avance no combate ao aquecimento global, é necessário superar os “descompassos” entre as discussões diplomáticas e a realidade concreta, bem como entre o cenário geopolítico e a urgência climática.

“Rivalidades estratégicas e conflitos armados desviam a atenção e drenam os recursos que deveriam ser canalizados para o enfrentamento do aquecimento global”, disse.

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Lula também criticou  o comportamento do que chamou de “forças extremistas”, que, segundo ele, disseminam informações falsas sobre o tema. “Forças extremistas fabricam inverdades para obter ganhos eleitorais e aprisionar as gerações futuras a um modelo ultrapassado que perpetua disparidades sociais e econômicas e degradação ambiental”, afirmou, sem citar nomes.

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