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POLÍTICA

Em debate final, Nunes e Boulos se ‘perseguem’ com ataques repetidos e ironias

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Após maratonas de debates, o último encontro do segundo turno pela Prefeitura de São Paulo, promovido pela Rede Globo na noite desta sexta-feira, 25, foi marcado por Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) se ‘perseguindo’ com ataques repetidos e ironias. Por mais que tenha sido um debate em que projetos e propostas tiveram mais espaço, a “cidade” ficou como plano de fundo na estratégia de desqualificação mútua dos candidatos.

Por mais que agora mais tensos, os discursos de acusação foram similares aos do debate anterior, no sábado passado: Nunes tentou, por diversas vezes, associar a imagem de Boulos ao extremismo, buscando opor o candidato a pautas alinhadas à direita – como questões em torno da polícia militar, drogas e tempo de pena. Já Boulos continuou taxando o atual prefeito de fraco, covarde e incopetente.

O debate contou com quatro blocos, sendo dois de perguntas livres e outros dois com temas específicos para serem escolhidos pelos candidatos. No estúdio, os dois puderam se locomover pelo palco e essa proximidade entre eles gerou tensões.

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Boulos seguiu com uma postura firme, combativa, e por diversas vezes chegou perto do candidato nos embates. Com os dois ariscos, rondando um ao outro, Nunes provocou: “Fica invadindo o meu espaço”. Boulos criticou a “piadinha”, que faz referências a fake news de que o psolista invade a casa de moradores na cidade.

“Eu sei que você fica meio apavorado, um pouco com medo, assustado, de discutir questões olho no olho. Você tem medo de debate, fugiu de vários. Eu debato olho no olho, com as pessoas, com o povo na rua e não tenho esse problema”, disse Boulos, em referência aos encontros que Nunes não foi – incluindo o da manhã desta sexta, que foi promovido por Pablo Marçal e que apenas Boulos compareceu. Nunes pediu licença. Eles tiveram um impasse e, depois, se espalharam no palco.

Pena de criminosos, cemitério e praça da Sé

O ponto de partida para o primeiro embate entre os candidatos veio de Nunes, que começou a noite levantando o tema da segurança pública. Além de citar feitos de seu governo, perguntou o porquê de Boulos não ter votado em um projeto da Câmara, de Kim Kataguiri, sobre o aumento da pena de criminosos. Trata-se do PL 3780/23 que foi aprovado em novembro passado.

Boulos foi claro ao responder, explicando que não votou porque não estava na sessão da Câmara. “No momento, eu estava em reunião no Palácio do Planalto com Lula”, disse. Mesmo assim, esse tópico ficou sendo retomado por Nunes ao longo do bloco.

Boulos, na sequência, relembrou o temporal que atingiu São Paulo e chegou a deixar mais de 2 milhões de residências sem luz, citou a privatização Sabesp e levantou uma questão com relação cemitérios. “Tem custado muito ao povo de São Paulo. Você sabe quanto custa para uma família fazer uma oração na capela de um cemitério que você privatizou hoje?”, perguntou a Nunes.

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O emedebista, a princípio, não respondeu e voltou a questionar sobre o projeto de aumento de pena. Depois, explicou que o serviço funerário era um dos piores serviços de avaliação de São Paulo. “As agências terríveis, os cemitérios terríveis. Nós fizemos as concessões, que é assim um governo liberal.” Segundo ele, a tabela de preço é a de 2019, inscritos no CadÚnico não pagam pelo serviço de enterro e velório e há 25% de desconto no enterro social.

E a resposta sobre o valor do uso da capela veio de Boulos: R$ 580. Depois, além de citar que a privatização da Sabesp, apoiada por Nunes, pode se tornar a “Enel da água”, Boulos retomou a história das crianças brincando na praça da Sé.

No debate anterior, o segundo do turno, o atual prefeito que tenta a reeleição, Nunes, disse ter visto crianças brincando de noite na Praça da Sé, na região central da capital, o que gerou reações de seu adversário, Boulos: “Olha a fantasia”. Após o debate, a assessoria do candidato chegou a mandar as imagens em questão, das crianças brincando, ao Terra.

Devido à repercussão que a declaração de Nunes teve, Boulos, novamente, perguntou se ele deixaria seus filhos e netos brincarem na região às 23h da noite. Nunes seguiu elogiando a região.

Projetos e projetos

No segundo bloco, Boulos foi o primeiro a perguntar e escolheu o tema Saúde. O psolista levantou números, e perguntou o porquê dos bilhões que estão no caixa da cidade não serem direcionados “de verdade para cuidar da saúde das pessoas”.

Nunes dessa vez não fugiu do assunto e falou que, em 466 anos da cidade, ou seja, até 2020, São Paulo contava com 20 hospitais. Depois disso, segundo ele, o número subiu para 30 – com ele e Bruno Covas tendo criado mais 10 hospitais. Sobre as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), disse que até 2017 tinham 3 e, agora, são 30. Sua promessa é de que sejam abertas mais 15 UPAS em seu próximo mandato, caso seja reeleito.

Boulos, que chegou aproveitou o assunto para falar sobre o seu projeto “poupatempo da saúde”, questionou os progressos de Nunes, citando que ele fechou unidades de saúde para abrir outras. “Cobrir um pé, descobrindo o outro…”, disse.

Os dois debateram propostas, falando diretamente e sendo irônicos um com o outro. Ainda sobre saúde, Nunes disse que criará um Centro TEA e perguntou o que Boulos achava disso. Boulos rebateu dizendo que pretende abrir cinco.

Depois, o tema foi trabalho – mas o assunto acabou caindo para a questão dos Centros Educacionais Unificados (CEUs). Boulos questionou o porquê de Nunes não ter entregue nenhum CEU novo em sua gestão. Nunes disse que a cidade tem 58 CEUs, tendo sido 12 entregues por Bruno Covas, e que ele fez a reforma de todos durante sua gestão. Além disso, disse que abriu a licitação para mais 6 equipamentos do tipo.

Retorno de fantasmas

No terceiro bloco, com uma série de acusações, Boulos tentou associar Nunes ao crime, que rebateu falando sobre extremismo. O psolista citou a máfia das creches, uma suposta proximidade do prefeito com um cunhado do Marcola do PCC, o caso de um secretário afastado e de licitações suspeitas. Além de tentar, mais uma vez, pedir para que Nunes abra seu sigilo bancário.

Nunes bateu na tecla de ter uma “vida limpa” e frisou a questão das condenações contra a campanha de Boulos na justiça eleitoral. Em meio ao embate, Nunes foi advertido pelo mediador César Tralli  por usar o telefone celular para ler documentos. Por conta disso, Boulos disparou que Nunes não sabe andar de bicicleta sem rodinha: “Uma rodinha é o Tarcísio e a outra é Bolsonaro, se não tiver ele cai”.

Nunes citou ainda uma ocorrência contra Boulos, como representante do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). Já Boulos falou sobre a ida de Nunes para a delegacia por ter dado um tiro para cima na porta de uma boate, em Embu das Artes. Os dois se defenderam: Boulos disse que estava defendendo famílias que estavam sendo despejadas na situação, e Nunes disse que seu caso foi há 20 anos e que estava separando uma briga. Os dois seguiram relembrando fantasmas que têm sido debatidos ao longo de todo o segundo turno.

No quarto e último bloco, com os candidatos mais próximos, deixando um clima de tensão no ar, o embate se manteve no tópico da população de rua. Boulos pediu, mais de uma vez, para que o prefeito explicasse o porquê a população de rua ter aumentado durante seu mandato. E Nunes, em todas as vezes, manteve o discurso de que a gestão está lidando com a situação, com diversos projetos voltados para a população.

Os dois, por diversas vezes, quebraram a “quarta parede” para falar direto com o eleitor, pedindo para que buscas no Google fossem feitas ou que olhassem conteúdos que subiram em suas redes sociais. No diálogo, buscaram descredibilizar um ao outro com relação a projetos e “falta de conhecimento”. Boulos chegou a dizer que o prefeito vive na ‘Ricardolândia’ e Nunes, que disse estar assustado, clamou “por mais verdades” no debate.

 

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