POLÍTICA
Em vitória do governo, Contarato comandará CPI do Crime Organizado; Mourão assume vice-presidência

Em uma vitória do governo, o senador Fabiano Contarato (PT-ES) foi eleito nesta terça-feira, 4, presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado. O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), da oposição, assumirá a vice-presidência. Instalada em meio à forte repercussão da operação policial no Rio de Janeiro que deixou 121 mortos nos complexos da Penha e do Alemão, a comissão terá 120 dias para investigar a expansão e o funcionamento de facções criminosas e milícias no País.
A definição de quem comandaria o colegiado ocorreu após uma disputa de bastidores entre governo e oposição. Para garantir a presidência da CPI com a indicação de Contarato, o PT articulou mudanças de última hora na composição da comissão, visando conquistar metade dos votos. O senador Nelsinho Trad (PSD-MS), considerado pelos oposicionistas o “fiel da balança”, foi substituído por Angelo Coronel (PSD-BA). Dessa forma, o colegiado passou a contar com seis senadores alinhados ao governo e cinco à oposição.
Entre os integrantes da CPI estão Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Sergio Moro (União-PR), representantes da oposição, além de Jaques Wagner (PT-BA) e Contarato, ligados à base governista. A relatoria ficará com Alessandro Vieira (MDB-SE), autor do pedido de criação da comissão.
A oposição, que inicialmente pretendia lançar Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), à presidência da CPI, passou a apostar no nome de Hamilton Mourão. A avaliação dos oposicionistas era de que Mourão enfrentaria menos resistência por parte dos governistas e, portanto, teria mais chances de ser eleito. No entanto, ele recebeu cinco votos dos senadores que compõem a comissão, enquanto Contarato obteve seis, garantindo a vitória na eleição para a presidência da CPI.
Presidente eleito citou operação no Rio
Após ser eleito presidente da comissão, Contarato afirmou que a CPI tem compromisso com a responsabilidade social e com a justiça. “Assumo essa presidência com o mesmo senso de dever que sempre guiou minha vida pública. Não por vaidade, não por ambição, mas por responsabilidade. Responsabilidade para com as famílias que perderam filhos para o tráfico, responsabilidade com os policiais que arriscam a vida diariamente, responsabilidade com os jovens abandonados pelo Estado e sobretudo responsabilidade com o povo brasileiro que há muito tempo vive refém do medo.”
O senador também enfatizou que a segurança pública não pode ser pauta apenas de um lado do espectro político e criticou benefícios concedidos a condenados.”A segurança pública não deve ser uma pauta apenas da direita, nem uma bandeira exclusiva de conservadores. Votei contra as chamadas ‘saidinhas’ porque considero injustificável a quantidade de benefícios já concedidos aos condenados criminalmente. Esses benefícios reforçam, para muitas famílias, o sentimento de impunidade.”
O parlamentar destacou também que conduzirá a CPI com seriedade e foco nos resultados. “Não conviverei com espetáculos, inverdades ou oportunismo. O combate ao crime organizado exige seriedade e inteligência, não pirotecnia.” Contarato citou ainda a recente operação no Rio de Janeiro como exemplo da complexidade do enfrentamento às facções criminosas. “A última operação policial no estado do Rio trouxe à tona tanto a necessidade quanto a complexidade do enfrentamento ao Comando Vermelho, especialmente no Complexo do Alemão e no Morro da Penha.”
Como funcionará a CPI
Proposta pelo senador Alessandro Vieira, a comissão terá 120 dias para investigar o avanço das facções criminosas e das milícias no país. O colegiado pretende apurar a estrutura, a expansão e o modo de operação dessas organizações. A expectativa é que as sessões se tornem palco de embates entre governistas e oposicionistas.
Segundo Alessandro Vieira, o fortalecimento do crime organizado é resultado do “abandono do poder público”. “Essa tragédia tem solução. Não é pauta eleitoreira, é urgência nacional”, afirmou o senador em suas redes sociais.
A CPI será composta por 11 senadores e contará com um orçamento de R$ 30 mil para custear as investigações.
Veja os integrantes:
Titulares
Fabiano Contarato (PT-ES) – presidente da CPI
Hamilton Mourão (Republicanos-RS) – vice-presidente da CPI
Alessandro Vieira (MDB-SE)
Marcio Bittar (PL-AC)
Marcos do Val (Podemos-ES)
Otto Alencar (PSD-BA)
Angelo Coronel (PSD-BA)
Jorge Kajuru (PSB-GO)
Flávio Bolsonaro (PL-RJ)
Magno Malta (PL-ES)
Rogério Carvalho (PT-SE)
Suplentes:
Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB)
Sergio Moro (União-PR)
Randolfe Rodrigues (PT-AP)
Eduardo Girão (Novo-CE)
Jaques Wagner (PT-BA)
Esperidião Amin (PP-SC)