POLÍTICA
Erdogan é reeleito na Turquia e tem hegemonia prolongada no país
A Turquia decidiu, em eleição neste domingo (28/5), dar continuidade à hegemonia do presidente Recep Tayyip Erdogan (foto em destaque), no poder há duas décadas. Com 99,83% das urnas apuradas, o atual mandatário do país obteve 52,15% dos votos, já matematicamente reeleito, e derrotou o líder da oposição, Kemal Kilicdaroglu, com 47,85%.
Com o resultado do pleito, Erdogan ficará por mais cinco anos na chefia do governo. A chegada da corrida presidencial ao segundo turno, pela primeira vez na história moderna do país, consolidou Kilicdaroglu como o adversário mais poderoso que o presidente já teve.
Kilicdaroglu é do Partido Republicano do Povo (CHP), mas liderou uma aliança de seis legendas na tentativa de vencer Erdogan. No entanto, não foi capaz de barrar a potência do atual chefe de Estado.
Em duas décadas de gestão conservadora com verniz autoritário, Erdogan minou a independência entre os Poderes e modelou o aparato estatal aos próprios interesses, após abolir a figura do primeiro-ministro. Ele também prendeu opositores e instaurou uma campanha de intimidação à mídia.
O chefe de Estado aprovou ainda medidas que enfraqueceram a autonomia do Judiciário e do Banco Central. No Parlamento, bloqueou projetos da oposição e levou adiante somente a própria agenda.
O contexto político também não era favorável. O país se recupera de uma crise de custo de vida, e o governo foi criticado por uma resposta de resgate lenta diante dos terremotos duplos ocorridos em fevereiro, que deixaram mais de 50 mil vítimas em 11 províncias turcas.
As críticas à gestão renderam um suado segundo turno, o primeiro na história moderna do país. Ainda assim, Erdogan conseguiu mais cinco anos no cargo.
O presidente de 69 anos governa a Turquia desde 2003, inicialmente como primeiro-ministro. Em 2017, conduziu a troca do regime de parlamentarismo para o presidencialismo, após sair vitorioso de um golpe de Estado, ocorrido em 2016. Desde então, venceu todas as eleições presidenciais.
Xadrez geopolítico
As eleições foram acompanhadas com atenção especial na Europa e nos Estados Unidos (EUA), em razão do poder político e militar da Turquia. O país possui o segundo maior exército da Otan, além de posição estratégica em relação a países do Leste Europeu, como a Rússia e a Ucrânia, e demais nações do Oriente Médio.
A Turquia tem eleições presidenciais a cada cinco anos. O chefe de Estado é responsável pela nomeação e destituição de ministros e funcionários do alto escalão.