POLÍTICA
Funcionária da Câmara de São Gonçalo denuncia vereador por importunação sexual: ‘Tentou me beijar’
Uma funcionária do Recursos Humanos (RH) da Câmara dos Vereadores de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, denunciou à Polícia Civil o vereador Jorge Luiz Gasco, o Jorge Mariola (Podemos), por importunação sexual. Ao Terra, Thayssa Guimarães Curty relatou que o parlamentar tentou beijá-la duas vezes e fez menção de sexo oral. Ele nega as acusações.
O caso em questão ocorreu no dia 13 de abril. Ela estava em seu setor quando Jorge apareceu para resolver algumas questões com a chefia dela e se sentou no local. Quando outro servidor bateu na porta para assinar o ponto, a jovem se levantou e foi abrir, momento em que começaram as insinuações.
“Fui entregar o ponto para o servidor assinar e fiquei de costas pra ele. Ele [vereador] estava sentado com as pernas abertas. Meu cabelo é bem grande, estava preso num coque, e eu soltei o cabelo. Nisso, ele falou assim: ‘nossa, o cabelo dela é enorme’. Me virei pra ele e olhei para ele, que continuou: ‘é bom pra fazer assim e puxar’. Nisso, ele fez o gesto, como se tivesse me puxando em direção à parte genital dele, fazendo menção a sexo oral. Ele ainda completou a frase: ‘que delícia’”, relata.
Thayssa explica que ninguém no setor levou na brincadeira. Sem graça e constrangida, ela voltou à sua mesa. Mas as insinuações do parlamentar não acabaram por aí, conforme ela conta. Quando Jorge resolveu o que precisava, ele saiu se despedindo de todo mundo e foi nessa hora que ele tentou beijá-la.
“Como ele mesmo se declara ‘beijoqueiro’, ele foi se despedir de mim com um beijo e segurou meu rosto e tentou me beijar na boca, dois lados, tentar beijar no canto, e eu obviamente forcei para que não pegasse. Mas assim, ele tentou duas vezes seguidas que o beijo pegasse na minha boca”, relembra.
Denúncia
Logo após o ocorrido, ela chegou a perguntar para as pessoas que estava presentes na sala se tinham visto o que aconteceu ou se “estava louca”. Thayssa diz que, neste momento, todos ficaram do seu lado e até chegaram a dizer que, se quisesse, levariam o caso para a Presidência da Câmara.
A jovem preferiu deixar o assunto de lado, mas quando chegou em casa e contou para os pais, foi incentivada a denunciar para a polícia. De acordo com ela, quando souberam que ela de fato havia prestado queixa, pediram para que a funcionária voltasse atrás, para que não “manchasse a carreira” do vereador.
O caso foi levado para a Delegacia de Atendimento à Mulher de São Gonçalo, como importunção sexual, onde ele já prestou depoimento. Ela afirma que ele negou tudo. “Primeiro, ele quis me procurar para pedir desculpas, depois, no depoimento ele desmentiu tudo. Mas por que é que uma pessoa quer pedir desculpa por uma coisa que ela não fez?”, questiona.
Thayssa também menciona que, depois que o caso ganhou repercussão, outras mulheres a procuraram para falar que também foram vítimas de Jorge.
“Um monte de gente me mandou mensagem falando que já trabalhou com ele em outros lugares, ou pessoas até que trabalham lá [na Câmara], falando que isso acontece com elas também e que sempre tiveram nojo dele, das coisas que ele faz, mas que nunca falaram nada. Ou seja, isso sempre aconteceu, mas sou a primeira a dar esse passo. Na delegacia, nunca teve nenhuma queixa, nunca teve nenhum registro contra ele. Eu sou a primeira a registrar, mas eu sou longe de ser a primeira que sofreu isso”, declara.
Posicionamento
Em nota ao Terra, o vereador Jorge Mariola declarou que os fatos são infundados e que é um homem público há mais de 20 anos, os quais jamais teve qualquer mácula. Por fim, o parlamentar afirma que a equipe está acompanhando a conclusão do inquérito para adotar as medidas judiciais cabíveis.
Já a Câmara Municipal de Vereadores de São Gonçalo afirmou que vai averiguar por meio das autoridades competentes, assim como pela Comissão de Ética, para saber o que de fato aconteceu. Além disso, ressaltou que refuta e rechaça quaisquer atos de violência e assédio contra a mulher, em todos os espaços.