POLÍTICA
Fux pede para Zanin para não ser interrompido quando for votar e gera atrito com Moraes; Dino ironiza

Após o ministro Flávio Dino interromper a exposição do voto do relator Alexandre de Moraes, no julgamento do “núcleo crucial” da trama golpista, nesta terça-feira, 9, o também ministro Luiz Fux se mostrou incomodado. Ele pediu para que o presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin, não permita interrupções no seu momento de votar.
“Só uma questão de ordem. Senhor presidente, conforme nós combinamos naquela sala aqui do lado, os ministros votariam direto, sem intervenção dos outros colegas. Muito embora tenha sido muito própria essa intervenção do ministro Flávio Dino. Mas eu gostaria de cumprir aquilo que nós combinamos no momento em que eu votar”, afirmou Fux, se direcionando a Zanin.
O presidente da Turma disse que não interrompeu a intervenção de Dino porque houve concordância do ministro relator. Moraes também afirmou que concedeu o espaço ao colega, ao que Fux respondeu: “Mas eu não vou conceder conforme nós combinamos lá na sala, porque o voto muito extenso a gente perde o fio da meada, principalmente quando a gente apresenta alguma discordância”.
“Eu tranquilizo, ministro fux, que eu não pedirei [intervenção] à Vossa Excelência. Pode dormir em paz”, ironizou Dino, encerrando o assunto.
A interrupção de Dino aconteceu após o ministro dizer que percebeu que Moraes gostaria de tomar um café. O relator, que é o primeiro a dar seu voto em processos do STF, já falava há cerca de 2 horas e 30 minutos.
No início da sessão, Fux já havia falado sobre sua intenção de apresentar divergência com relação ao voto do relator. Ele interrompeu Moraes e anunciou que levará ao plenário um debate sobre os pontos do processo sobre os quais discorda. Depois disso, o ministro se ausentou por cerca de 10 minutos.
Fux é o terceiro ministro na ordem de votação. Antes dele votam Moraes (relator) e Flávio Dino. Depois, seguem Cármen Lúcia e Cristiano Zanin (presidente da Turma).
Além de Jair Bolsonaro, estão sendo julgados neste núcleo:
o ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, Walter Braga Netto;
o ex-ajudante de ordens Mauro Cid;
o almirante de esquadra que comandou a Marinha, Almir Garnier;
o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres;
o ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno;
e o general e ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira.
