POLÍTICA
Governo Bolsonaro avançou desmatamento na Amazônia, diz Imazon
O Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) emitiu boletim nesta sexta-feira (27) informando que nos últimos quatros anos, no governo de Jair Bolsonaro, a alta no desmatamento da Amazônia teve forte concentração em terras públicas sob jurisdição federal, o que indica ausência de fiscalização e controle.
De acordo com os dados, 80% de todo o desmatamento da Amazônia ocorreu em terras federais em 2022: foram 8.443 km², o que equivale a 5,5 vezes a área da cidade de São Paulo. O estudo utiliza satélites para detectar áreas desmatadas.
Além das áreas federais, o estudo leva em conta os territórios de tutela dos estados e sem jurisdição, que juntos responderam por 20% do desmatamento na Amazônia no ano passado.
O Imazon apresenta os dados a partir de 2012, durante o governo Dilma Rousseff. Os números apontam que o desmatamento explodiu no governo Bolsonaro. Na comparação entre 2013 e 2022, por exemplo, aumentou em quase 10 vezes a área destruída em terra.
Exemplos: Desmatamento em áreas federais na Amazônia por ano: Governo Dilma Rousseff: 2012 – 1.480 km²;
2013 — 886 km²;
2014 – 2.432 km²;
2015 – 2.473 km²;
Governo Michel Temer:
2016 – 2.773 km²;
2017 – 2009 km²;
2018 – 4.062 km²;
Governo Bolsonaro:
2019 – 5.010 km²;
2020 – 6.496 km² ;
2021 – 8.291 km²;
2022 – 8.443 km².
O Imazon destacou que são consideradas terras públicas da União as áreas remanescentes de sesmarias não colonizadas e transferidas ao governo em 1891.
Também há as terras devolutas, que foram cedidas para uso particular, mas não foram usadas como se deveria e voltaram para o governo federal. De acordo com os pesquisadores do Imazon, a alta de ataques às áreas de tutela do governo federal começou a ser percebida com grande velocidade a partir de 2018.
Em 2022, o Imazon apontou o quinto recorde anual consecutivo no desmatamento: foram 10,5 mil km², a maior destruição em 15 anos —desde quando o instituto começou a monitorar a região, em 2008. “Isso equivale à derrubada de quase 3 mil campos de futebol por dia de floresta”, diz o boletim.
Nos quatro anos da gestão Bolsonaro, o desmatamento bateu 35,1 mil km², área superior ao tamanho de Alagoas, por exemplo, que tem 27 mil km². Representa um aumento de quase 150% em relação ao quadriênio anterior, entre 2015 e 2018, quando foram devastados 14.424 km².
Durante 2022, as queimadas na Amazônia atingiram patamares inéditos e fizeram o bioma ter recorde de focos de calor, conforme dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Segundo especialistas, o fogo recorde teve a ver com a seca enfrentada pelo bioma, mas também com o aumento da ação humana no fim do governo Bolsonaro, antes que a fiscalização ambiental na Amazônia seja retomada no novo governo.
Nos últimos anos, o Brasil também foi o destaque negativo quando o assunto foi destruição de vegetação nativa da Amazônia, respondendo por 80% do desmatamento de todo o bioma na América do Sul —apesar do país ter apenas 62% da área.