POLÍTICA
Haddad e Campos Neto almoçam juntos, mas só divulgam encontro depois
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, almoçou nesta segunda-feira, 19, com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. O compromisso foi publicado na agenda de ambos somente após o encontro, que aconteceu às 12h30, em um restaurante de Brasília.
Haddad e Campos Neto se encontraram na semana em que o BC decide sobre o patamar da taxa de juros. Analistas do mercado financeiro anteciparam de setembro para agosto a projeção para o primeiro corte da taxa Selic, segundo o Sistema de Expectativas de Mercado, base de dados do Boletim Focus, divulgado nesta segunda. Para a reunião desta semana, a mediana ainda aponta a manutenção da Selic em 13,75% ao ano.
Ao deixar a sede do Ministério da Fazenda por volta de 12h20, Haddad foi questionado e comentou sobre as projeções do mercado para corte da taxa somente em agosto. Respondeu que, em sua avaliação, o patamar já deveria ter baixado em março. “Já deveria ter sido em março. Vamos ver, vamos aguardar”, respondeu.
Campos Neto participa nesta terça-feira, das 10h às 12h, da primeira sessão de análise de conjuntura da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Das 14h às 17h30, é realizada a primeira sessão da reunião do órgão, na sede do BC, em Brasília. Todos os diretores do banco participam das reuniões.
Cobranças de Lula
Ainda nesta segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a falar sobre a taxa básica de juros, a Selic. Em live promovida pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), ele disse que Campos Neto precisa explicar ao Brasil e ao Senado por que a autoridade mantém a taxa básica de juros a 13,75%.
“A inflação está baixando, o dólar está caindo. Apenas os juros precisam baixar, não tem explicação. O presidente do Banco Central precisa explicar — não a mim, que já sei por que ele não baixa — mas ao povo brasileiro, e ao Senado que o elegeu, por que ele mantém essa taxa de juros a 13,75% em um país que está com inflação anual de 5%”, afirmou o presidente.
O presidente do BC é uma indicação do presidente da República, e, por lei, precisa ser aprovado pelo Senado. Campos Neto foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e tem mandato até o final de 2024./ Com Sandra Manfrini.