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POLÍTICA

Inflação: a “bola de cristal” de Tebet e o que dizem os economistas

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Às vésperas da divulgação do resultado de abril do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), prevista para sexta-feira (12/5), a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, antecipou que o governo espera que a inflação do mês passado fique abaixo das expectativas do mercado.

“Teremos uma surpresa. Sairá uma inflação um pouco menor do que a expectativa”, afirmou Tebet, ao participar de uma audiência pública no Senado na manhã de terça-feira (9/5). A ministra lembrou que a inflação no Brasil, que foi de dois dígitos em 2021, caiu para menos de 5% no acumulado de 12 meses até março, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A “bola de cristal” da ministra do Planejamento não revelou grandes novidades. De fato, segundo estimativas do mercado financeiro, o IPCA de abril deve ficar em torno de 4,1% na base anual (ante 4,65% no mês anterior). Caso esse percentual se confirme, será a menor inflação acumulada em 12 meses desde janeiro de 2021.

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Na base mensal, os analistas projetam que o IPCA fique em 0,54%, desacelerando em relação ao índice de 0,71% registrado em março e confirmando a tendência verificada nos últimos meses. Em fevereiro, o IPCA foi de 0,84%.

Como o Metrópoles mostrou em reportagem publicada no dia 27 de abril, a inflação no Brasil deve manter a tendência de queda até o fim do primeiro semestre de 2023, mas, provavelmente, voltará a acelerar na segunda metade do ano – quando deve chegar a um patamar próximo de 6%.

Segundo a última edição do Relatório Focus, do Banco Central (BC), divulgada no início da semana, o IPCA fechará 2023 em 6,02%. Na semana anterior, o mercado estimava uma inflação de 6,05% para este ano.

De acordo com o Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta de inflação para 2023 é de 3,25%. Como há um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ela será cumprida se ficar entre 1,75% e 4,75% – um patamar ainda distante dos 6% projetados pelos economistas.

No ano passado, o Brasil teve uma inflação acumulada de 5,79%, acima do teto da meta estipulada pelo governo pelo segundo ano consecutivo. Ou seja, o país caminha para o terceiro ano seguido de estouro da meta inflacionária.

Ainda é cedo para comemorações

Ouvido pela reportagem do Metrópoles, André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), entende que qualquer comemoração antecipada de uma possível queda da inflação anual é precipitada.

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“Tudo parece caminhar para alguma melhora, mas ainda é cedo para cravarmos. A inflação deverá desacelerar até junho, mas depois acelerará na direção de 6%”, afirma.

A principal explicação para essa inflação “em dois atos” em 2023, diz Braz, são os efeitos da redução dos tributos sobre energia e combustíveis, em 2022. “No segundo semestre do ano passado, tivemos a redução do PIS-Cofins e do ICMS sobre energia, telefonia e gasolina, o que freou muito a inflação. Em 2022, esses preços caíram muito por causa da renúncia fiscal. Neste ano, isso não acontecerá”, explica Braz

Segundo o economista da FGV, a inflação anual no Brasil cairá para o menor nível em 12 meses em junho, rondando os 3,8%. “Mas, a partir de julho, volta a subir”, projeta.

Apesar do otimismo de Tebet e da equipe econômica, Marco Caruso, economista-chefe do Banco Original, também mantém a estimativa de cerca de 6% para o IPCA de 2023. “Considerando ainda novas reonerações de impostos federais e o aumento da alíquota de ICMS sobre a gasolina, já definido a partir de junho, nós elevamos o IPCA de 2023 para 6,1%”, afirma.

Pressão sobre o BC

A desaceleração da inflação é um dos trunfos do governo para pressionar o BC a reduzir a taxa básica de juros, atualmente em 13,75% ao ano. A Selic é o principal instrumento do BC para controlar a inflação.

Segundo a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, referente à última reunião que manteve os juros no patamar atual, a política monetária ainda deve permanecer rígida para combater a alta nos preços.

“A redução das pressões inflacionárias continua a requerer o compromisso e a determinação dos bancos centrais com o controle da inflação, por meio da manutenção de um aperto de condições financeiras mais prolongado”, afirma o Copom.

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