POLÍTICA
Kataguiri quer indenização de R$ 30 mil por acusação de ‘rachadinha’ de youtuber
O deputado federal Kim Kataguiri (União-SP) entrou na Justiça para cobrar uma indenização no valor de R$ 30 mil do empresário e youtuber Paulo Kogos, autodenominado em suas redes sociais como “tradicionalista de extremíssima direita” e “anarcocapitalista”. O parlamentar afirmou que teve a imagem afetada ao ser associado por Kogos a práticas de corrupção.
Na ação protocolada em 8 de janeiro no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), os advogados de Kataguiri sustentam que Kogos inventou fatos “falsos e caluniosos” ao acusar o deputado de cometer “rachadinha” – ou seja, exigir parte do salário de assessores.
A defesa de Kogos não foi localizada e ele não respondeu ao pedido do Estadão para comentar o caso. Segundo advogado de Kataguiri, supõe-se que o youtuber esteja ciente da ação, pois houve confirmação de que a notificação postal foi entregue.
A ação mostra uma publicação do empresário no X (antigo Twitter) em 15 de dezembro, com uma comparação entre o que supostamente “idiotas manipulados pela mídia” versus o que “pessoas pensantes e bem informadas” imaginam quando ouvem a palavra “rachadinha”.
No primeiro caso, ele cita o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz. No segundo, Kataguiri e o deputado federal André Janones (Avante-MG) são mencionados.
Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz foram denunciados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) em 2020 por supostas “rachadinhas” praticadas na Assembleia Legislativa do Estado (Alerj). A denúncia foi arquivada pela Justiça do Rio em 2022. Janones é alvo de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) e de um processo de cassação do mandato no Conselho de Ética na Câmara dos Deputados por supostamente aplicar a prática em seu gabinete. Os três negam as acusações.
No caso de Kataguiri, o texto de Kogos se refere a uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo sobre repasses de servidores para a campanha eleitoral do parlamentar em 2022. Ele nega irregularidades e afirma ter recebido doações de assessores de políticos de seu partido, o União Brasil. “Apesar de não haver nenhum problema legal com tais doações, o requerente, a fim de evitar qualquer questionamento e manter um elevado nível ético na campanha, devolveu tais doações”, diz trecho da ação.
A publicação feita por Kogos está registrada na petição por uma captura de tela, porém, não se encontra mais disponível na página dele no X. Na tarde desta segunda-feira, 22, ele voltou a mencionar Kataguiri na rede social, em uma publicação com a legenda “cada país tem o Kim totalitário que merece”, associando a imagem do deputado à do líder norte-coreano, Kim Jong-un.
Paulo Kogos defende um movimento chamado “libertarianismo”, que reivindica a diminuição radical do Estado, em lugar de um “capitalismo radical”. Ele concorreu a uma vaga de deputado estadual por São Paulo, em 2022, pelo PTB, mas não foi eleito, com pouco mais de 33 mil votos.
Autor do livro “O mínimo sobre Anarcocapitalismo”, o youtuber de 37 anos se diz no “extremo da extrema direita”. Em entrevista ao Estadão, em 2020, ele disse acreditar que “as pessoas são desiguais, o que significa que algumas pessoas estão mais aptas a servir”. Em seu perfil no X, postagens defendendo “o pleno direito” de civis constituírem milícias, endosso a mensagens contra imigrantes e uma publicação em que chama o Papa Francisco de “terrorista montonero e maçom fantasiado” são exemplos das ideias propagadas pelo extremista.