POLÍTICA
Lula comenta prisão de Bolsonaro e defende soberania brasileira perante Trump

Joanesburgo, África do Sul – Em entrevista concedida durante a Cúpula de Líderes do G20, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abordou a recente prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, decretada pelo ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF). Lula afirmou que “todo mundo sabe o que ele fez” e que a Justiça cumpriu seu papel ao condenar Bolsonaro após extensivas investigações e julgamentos.
“Eu não faço comentário sobre uma decisão da Suprema Corte,” declarou Lula. “A Justiça tomou uma decisão, ele foi julgado, ele teve todo o direito à presunção de inocência. A Justiça decidiu, está decidido, ele vai cumprir com a pena que a Justiça determinou.”
Lula também respondeu a questionamentos sobre a possível influência do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no caso, após relatos de retaliações ao Brasil e a ministros do STF. O presidente brasileiro defendeu a soberania nacional, afirmando que “o Trump tem que saber que nós somos um país soberano, que a nossa Justiça decide e o que decide aqui está decidido.”
A prisão preventiva de Bolsonaro foi motivada por preocupações com um possível risco de fuga, intensificado por uma tentativa de violar sua tornozeleira eletrônica e pela convocação de uma vigília em sua residência pelo senador Flávio Bolsonaro.
De acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seap), Bolsonaro utilizou um ferro de solda para tentar danificar a tornozeleira, o que gerou um alerta imediato. Em audiência de custódia, Bolsonaro alegou que o incidente foi resultado de uma “paranoia” causada pela interação inadequada de medicamentos prescritos por diferentes médicos.
A defesa de Bolsonaro argumenta que a tornozeleira foi imposta para “causar humilhação” e que a narrativa de fuga é uma justificativa infundada para a prisão. Os advogados prometem recorrer da decisão.
O STF deverá analisar a decisão do ministro Alexandre de Moraes na segunda-feira (24), em uma sessão virtual extraordinária convocada pelo ministro Flávio Dino.
Bolsonaro já foi condenado a 27 anos e três meses de prisão na ação penal da trama golpista. A Primeira Turma da Corte já rejeitou os embargos de declaração, e a defesa ainda pode apresentar os últimos recursos. Caso sejam rejeitados, as prisões poderão ser executadas nas próximas semanas.
Adicionalmente, a defesa havia solicitado prisão domiciliar humanitária, alegando que Bolsonaro possui doenças permanentes que exigem acompanhamento médico intenso, pedido que foi negado por Moraes.
Bolsonaro estava cumprindo medidas cautelares em sua residência, impostas em um inquérito que investiga a atuação de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, junto ao governo Trump para promover retaliações contra o governo brasileiro e ministros do STF.








