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POLÍTICA

Lula diz que não repetirá ‘erro’ de Dilma e promete não interferir em eleição na Câmara

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, na noite desta segunda-feira, 26, que não vai repetir o “erro” da então mandatária Dilma Rousseff, que, em 2015, apoiou um candidato do PT para concorrer ao comando da Câmara contra o deputado Eduardo Cunha. Eleito, Cunha autorizou a abertura de processo de impeachment contra Dilma, dez meses depois.

Em reunião com líderes de 19 partidos da base aliada, no Palácio do Planalto, Lula assegurou que não interferirá nas eleições do Congresso porque isso “sempre dá errado”. Ele fez a afirmação diante de dois pré-candidatos à sucessão do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL): Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e Antonio Brito (PSD-BA).

Lula disse que Lira tem o direito de escolher quem quer ver como seu sucessor. Argumentou, porém, que ele só precisa verificar se o seu candidato é o nome que a Câmara quer. Em 2015, Dilma apoiou o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), mas o preferido pelo plenário foi Cunha, que virou inimigo da petista.

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Neste momento, Elmar pediu a palavra. O líder do União Brasil disse ao presidente que Lira era o seu melhor amigo e, se não conseguisse convencê-lo de que era o melhor candidato, desistiria.

O Estadão apurou, porém, que Lira vai conversar com Lula ainda nesta semana sobre o nome que julga melhor para ser o seu sucessor. Levará ao presidente o nome de Elmar, que enfrenta resistências no Planalto.

Diante dos deputados, porém, o presidente afirmou que não vetará qualquer nome nem para a Câmara nem para o Senado. As eleições que vão renovar o comando das duas Casas estão marcadas para fevereiro de 2025.

“Estou há quase dois anos escutando a narrativa de que o senhor ia me vetar. Fico feliz de saber que não”, disse Elmar. Segundo relato dos participantes do encontro, Lula balançou a cabeça e afirmou que nunca faria isso. Antonio Brito observou, por sua vez, que o plenário da Câmara é soberano para decidir.

O líder da Maioria na Câmara, André Figueiredo (PDT-CE), defendeu ali as emendas parlamentares. Na última terça-feira, 20, representantes do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF) anunciaram um acordo para dar mais transparência às emendas parlamentares. Como mostrou o Estadão, porém, o encontro não selou a harmonia entre os Poderes.

Há preocupação de deputados, principalmente do grupo de Lira, sobre como ficará a transferência do dinheiro das emendas no momento em que os partidos negociam apoios para a sucessão no no Congresso.

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O assunto, porém, não foi o tema principal da reunião. Na prática, Lula começou a fazer movimentos para se aproximar dos parlamentares porque o governo precisa de apoio para votações importantes, como a da regulamentação da reforma tributária. O presidente disse ali que o Planalto não pode ter “nenhuma fissura” com o Congresso.

Lula também insistiu que as eleições municipais não podem afetar a relação entre o governo e o Congresso. Mas suas declarações foram rebatidas por André Figueiredo. Presidente nacional do PDT, Figueiredo afirmou ao presidente que a sua entrada nas eleições municipais de Fortaleza causou grande desconforto no partido.

Como mostrou a Coluna do Estadão, Lula “comprou uma briga” com o PDT ao participar da convenção que oficializou a candidatura de Evandro Leitão (PT) à prefeitura de Fortaleza. A capital cearense, onde o prefeito José Sarto (PDT) tenta a reeleição, é o principal reduto eleitoral dos pedetistas.

A participação do presidente no ato político foi vista como uma afronta e falta de apreço do governo federal pelo PDT, sigla do ex-ministro Ciro Gomes e do ministro da Previdência, Carlos Luppi.

Após a reunião desta segunda-feira, Lula puxou Figueiredo para uma conversa reservada. Afirmou a ele ter sido muito pressionado pelo PT do Ceará a participar da convenção de Evandro Leitão, mas que respeita o PDT. Os principais líderes do PT no Estado são o ministro da Educação, Camilo Santana, e o líder do governo na Câmara, José Guimarães.

 

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