POLÍTICA
Lula favorito, mas reeleição em 2026 será decidida voto a voto, alerta CEO do ideia

Brasília, DF – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mantém a dianteira nas pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial de 2026 e já manifestou interesse em buscar a reeleição para um inédito quarto mandato. No entanto, a disputa promete ser acirrada, marcada pela polarização e pela necessidade de o PT ampliar sua base de apoio para garantir uma vitória mais confortável.
A avaliação é de Cila Schulman, CEO do Instituto de Pesquisa Ideia, que analisou o cenário eleitoral no programa ‘WW Especial’ da CNN. Segundo ela, o principal indicador preditivo utilizado pelo instituto é a avaliação sobre se o presidente Lula “merece ou não merece continuar” no cargo.
Embora Lula tenha apresentado melhora em sua avaliação, Schulman ressalta que ele ainda não alcançou uma margem de segurança. A analista compara a situação atual com o desempenho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na última eleição.
“O ex-presidente Bolsonaro não conseguiu chegar a um nível de ‘merece continuar’ no final da última eleição. A reeleição, em geral, é sobre o incumbente, é sobre o atual presidente. E Lula melhorou bastante, ganhou pontos nesse ‘merece continuar’, mas ele ainda não tem uma situação confortável”, explicou.
A CEO do Ideia destaca que a necessidade de Lula consolidar uma posição mais confortável se deve ao perfil do eleitorado petista, historicamente marcado por altas taxas de abstenção. Schulman lembra que o eleitor de baixa renda, base do PT, é o que menos comparece às urnas, prejudicando o desempenho do presidente.
“O PT precisa ter sempre mais gordura para queimar, visto que o eleitor que menos aparece para votar é o eleitor de baixa renda, que é justamente o eleitor do Partido dos Trabalhadores. E a gente viu isso nas últimas eleições, sempre com uma abstenção que prejudica o presidente Lula”, alertou.
Schulman também observa que a facilidade em justificar a ausência nas urnas transformou o voto em algo não totalmente obrigatório, o que reforça a importância de os institutos de pesquisa adotarem metodologias de “likely voters” (eleitores prováveis) para ajustar os dados à realidade da abstenção.
Cila Schulman conclui que o Brasil permanece polarizado e que a próxima disputa será tão apertada quanto a anterior. Um ponto de atenção para Lula, segundo a analista, é o vácuo na oposição, já que o ex-presidente Jair Bolsonaro está inelegível. Essa indefinição pode abrir espaço para o surgimento de novas lideranças.
“A gente continua com um país polarizado. A gente não tem do outro lado o candidato da oposição. Então, acho que outro ponto de atenção do presidente Lula — isso não vai depender dele —, é justamente ver que candidato vai ser esse, até porque tem uma possibilidade de aparecer um novo nome que a gente não está enxergando”, finalizou.
