Nomeado interinamente para comandar o GSI após a demissão do general da reserva G. Dias na última sexta (21/4), o jornalista Ricardo Cappelli faz, a pedido de Lula, um pente-fino no órgão, substituindo servidores identificados com a gestão anterior e investigando ações e omissões que permitiram a invasão do Planalto na primeira semana de governo.
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Setores do governo chegaram a defender a desmilitarização do GSI e a nomeação de um comandante civil para o órgão responsável pela segurança presidencial. Até agora, porém, essa ala tem sido voto vencido e a intenção de Lula é voltar a nomear um general do Exército para o cargo, sinalizando que, apesar de problemas com militares bolsonaristas, ele confia nas Forças Armadas enquanto instituição.
O nome mais falado é o do general Marcos Antônio Amaro dos Santos, que já tomou conta da segurança da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), chefiando o GSI de janeiro de 2015 a maio de 2016. De acordo com o colunista Igor Gadelha, do Metrópoles, Lula se reuniu com o militar antes da viagem e ouviu dele que a missão seria aceita.
Do outro lado da Praça
Também à espera de uma indicação do presidente (e que, nesse caso, precisa de confirmação do Senado), o STF está com formação incompleta em seu plenário, com apenas 10 ministros. Aos 75 anos, Ricardo Lewandowski se aposentou no último dia 11 de abril. Foram 17 anos na Corte, e aproximadamente 200 mil decisões, entre monocráticas e colegiadas.
O ministro, indicado no primeiro mandato de Lula, teve voto decisivo em ações importantes, como no julgamento do mensalão, na Lava Jato, na questão de cotas raciais e na implementação de audiências de custódia. Também foi presidente da Corte durante o julgamento de impeachment da então presidente Dilma, em 2016.
Lewandowski deixa o Supremo com a relatoria de 257 processos, que ficarão para seu sucessor. Um dos processos envolve o ex-juiz Sergio Moro, o ex-procurador Deltan Dallagnol e o advogado Tacla Duran, réu pelo crime de lavagem de dinheiro em um dos inquéritos da Operação Lava Jato. Remanescentes da Operação Spoofing e a discussão sobre o quociente eleitoral também estarão nas mãos do próximo ministro.
A expectativa é de que o advogado do presidente Lula nos processos da Lava Jato, Cristiano Zanin, seja o indicado à vaga que será aberta. Único nome citado pelo próprio Lula até agora, Zanin sofre resistência até entre aliados do presidente, mas é bem visto por nomes influentes dentro do STF, como os ministros Gilmar Mendes e Cármen Lúcia.
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O que pesa contra o advogado, além de críticas de observadores independentes sobre a proximidade entre Zanin e Lula, são resistências de aliados do governo, que preferiam uma indicação que levasse em conta diversidade de gênero e raça.
Nomes como o do jusrista Manoel Carlos de Almeida Neto, indicação do próprio Lewandowski, e Bruno Dantas, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), surgiram no páreo para o cargo, mas são considerados azarões.
Para que a indicação saia, porém, Lula busca, segundo aliados, uma situação política mais sólida no Congresso. O presidente não quer ver seu indicado deixado “na geladeira” por meses, como ocorreu quando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) indicou o nome de André Mendonça, seu ex-ministro da Justiça e ex-chefe da AGU. Entre a indicação, em 2021, e a sabatina no Senado, em 2022, Mendonça esperou por longos cinco meses enquanto as condições políticas por sua aprovação eram costuradas.