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POLÍTICA

Lula sela aliança com a China e diz não temer retaliação de Trump

Publicado em

Lula em entrevista coletiva em Pequim Foto: Reprodução/Canal Gov

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva selou em Pequim uma aliança política estratégica e de longo prazo com o chinês Xi Jinping que deixa pouca dúvida sobre quem é o parceiro preferencial do Brasil.

Lula viajou à capital chinesa após o tarifaço de Donald Trump para um encontro da Celac, o grupo de países da América Latina e do Caribe que está na mira do americano não somente pelas tarifas, mas principalmente com deportações.

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Nos encontros, recheados de pompa e honrarias, no Grande Salão do Povo, Lula e Xi coincidiram em vários tópicos da agenda global. Usaram a mesma linguagem, as mesmas palavras. Como a frase: “guerra comercial não tem vencedores”, proferida por ambos.

Os dois criticaram o isolamento, a hegemonia, as tarifas “arbitrárias”, o unilateralismo e o protecionismo. Defenderam o comércio baseado em regras, o multilateralismo, a valorização do Brics e reforma da governança global. Xi destacou que o mundo está “longe de ser pacífico” e que o Sul Global é uma força para resistir.

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“A Comunidade de Futuro Compartilhado por um Mundo mais Justo e um Planeta Sustentável (um combo de linguagem chinesa, com complemento do brasileiro), que estabelecemos em novembro passado, é uma alternativa às rivalidades ideológicas”, disse ele. “China e Brasil estão determinados a unir suas vozes contra o unilateralismo e o protecionismo.”

Embora o Brasil seja a parte mais fraca da equação, assessores correram pra dizer que a coincidência não se traduz em alinhamento com a China ditando ordens. Lula tem repetido que não interessa ao Brasil ser quintal ou zona de influência de nenhum país – e que também possuem divergências.

“Não queremos chefe, não queremos xerife, queremos parceiro”, afirmou Lula, depois de dizer que Trump age como se fosse “dono do mundo”.

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“Nossa relação não é uma coisa trivial, é muito estratégica. A gente quer tudo que eles possam compartilhar conosco”, definiu o petista. “Não temos medo de retaliação. Espero que o Trump compreenda bastante bem a relação de 200 anos entre Brasil e EUA. Quando quero melhorar minha relação com a China, não quero piorar com ninguém.”

Investimentos

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No campo privado, mala cheia de promessas. Trinta e seis atos de cooperação intergovernamental. Segundo a Apex Brasil, os anúncios de negócios entre empresas – nem todos inéditos – alcançaram a cifra de R$ 27 bilhões. Entre eles, a chegada ao Brasil de uma nova marca de serviços de entrega (delivery), a Keeta, investimentos em uma fábrica de trens em São Paulo, uma nova montadora de veículos, a GAC Motor, em Goiás, e R$ 5 bilhões para produção de SAF (combustível sustentável de aviação) no Rio. Sistemas de armazenamento de energia, uma plataforma de vacinas, produção de insulina e equipamentos médicos de imagem.

Os bancos centrais firmaram um acordo para swap que dará mais garantias aos negócios privados.

A pedido do presidente brasileiro, seu homólogo chinês teria concordado até a enviar ao Brasil, segundo o petista, um especialista de sua confiança para debater regulação de redes sociais. Logo a China, um país que censura as plataformas ocidentais e tenta controlar o discurso.

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A história surgiu no fim da viagem, de forma imprevista. Durante o jantar na residência oficial de Zhongnanhai, local onde Lula disse ter sido o primeiro chefe de Estado a estrangeiro a pisar para um banquete.

Diga-se, por exemplo, da ferrovia bioceânica, cujo traçado foi definido, mas não tem ainda projeto executivo. O governo não conseguiu agora fazer com os chineses se envolvessem de vez nela, o que será fundamental pois são considerados o parceiro com mais expertise em ferrovias.

Há quem espere por novos anúncios em julho, na Cúpula do Brics no Rio de Janeiro. Mas ainda é cedo para um projeto tão grandioso.

Lula tem pressa e chegou a pedir que Xi Jinping acelere a tramitação dos projetos. “Precisamos superar a burocracia em nossa relação”, disse.

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