Com a aproximação de uma nova reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, marcada para 20 e 21 junho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a centrar fogo na taxa básica de juros da economia, a Selic. “Não há nenhuma explicação histórica para a gente ter o juro mais alto do mundo, de 13,75%, quando a inflação está, durante 12 meses, apenas em 4,7%. Para que esse juro tão alto? Quem é que ganha com isso?”, questionou o petista nesta terça-feira (6/6), durante discurso no Polo Automotivo Stellantis, em Goiana, Pernambuco. “Temos 72 milhões de brasileiros que estão pendurados no Serasa”, emendou.
A taxa básica da economia é uma espécie de guia para o mercado. E Lula tem batido, desde antes de assumir o mandato, na condução da política econômica pelo Banco Central, cujo presidente, Roberto Campos Nato, foi nomeado por Jair Bolsonaro (PL) e tem mandato até o final de 2024.
“Quem perde nós sabemos que é o povo brasileiro, que é o empresário que quer investir, que é o pequeno e médio empreendedor. São as pessoas que querem tomar R$ 200 emprestados, R$ 500 emprestados para fazer um carrinho para vender cachorro-quente, para vender pipoca, que quer montar um salão de beleza, que quer montar alguma coisa. Ele precisa ter acesso a dinheiro e ele só pode ter acesso se for barato. Se for caro, as pessoas não podem tirar dinheiro emprestado porque não podem pagar”, criticou Lula.
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“Temos 72 milhões de brasileiros que estão pendurados no Serasa, pessoas que tiraram dívida para comer, pessoas que utilizaram cartão de crédito para comer e agora não podem pagar. Por irresponsabilidade de um governante que não soube entender a índole do povo brasileiro”, completou Lula.
Nesta semana, o governo federal lançou um programa de renegociação de dívidas que era uma promessa de campanha, o Desenrola. O público do programa é formado pelos 72 milhões de brasileiros citados pelo presidente no discurso.
O Desenrola será executado em etapas. Uma medida provisória foi publicada nesta terça e prevê a adesão dos credores e realização do leilão, seguida da adesão dos devedores e período de renegociação.
Segundo o governo, as pessoas que têm dívidas em até R$ 100 poderão ser “desnegativadas” e ter o débito perdoado. Agora, com a publicação da MP, será editada uma regulamentação pelo Ministério da Fazenda detalhando os critérios das instituições financeiras que vão desnegativar dívidas em definitivo.
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