POLÍTICA
Nogueira reclama com deputados do PP sobre postura do governo em meta
O presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), enviou uma carta à bancada do partido na Câmara para reclamar da postura do governo na possível mudança da meta fiscal para 2024. O senador inicia o documento dizendo querer transmitir seu “profundo sentimento de traição desse governo atual”.
“O Executivo entende ser necessário a alteração da meta, porém, escolhe a imprensa para comunicar o tema ao Congresso? É isso mesmo? É esse tipo de tratamento que deve ser dado ao Congresso?”, questiona Nogueira.
Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, em café com jornalistas, que “dificilmente” a meta fiscal zero em 2024 será atingida. Desde então, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem encontrado dificuldade para responder sobre o tema e ainda não está claro se o Palácio do Planalto vai patrocinar uma mudança na meta na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que baliza o orçamento federal do próximo ano e está prestes a ser votada pelo Congresso.
Ciro Nogueira ainda ressalta o envolvimento dos progressistas na pauta econômica, citando a aprovação do novo Marco Fiscal e da reforma tributária. Ele sustenta que, sem o apoio dos parlamentares do PP, essas duas importantes medidas não teriam sido aprovadas.
“Pois bem, depois de apenas dois meses da promulgação da Lei do Marco Fiscal, o Presidente da República vem a público para desacreditá-lo. Sem sequer tratar do tema com o Congresso”, continua ele.
“Não posso deixar de compartilhar minha indignação e completa traição à população no discurso do Governo, quando necessita do apoio do Congresso, e quando ‘acha’ que não precisa mais”, finaliza o senador.
Mais cedo, após uma reunião com líderes da Câmara no Palácio do Planalto, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, fez uma “saudação especial” aos líderes do republicanos e do PP: “São duas bancadas que ingressam nessa frente ampla da base”, disse ele após a reunião.
Conforme o Metrópoles apurou, após a fala de Lula, o governo federal agora avalia um déficit de “ao menos 0,25%”. A mudança é discutida entre Executivo e Ministério da Fazenda. O índice representa uma margem de tolerância, e o resultado primário poderá variar entre déficit de 0,25% a superávit de 0,25% em 2024.
Lula convocou ministros e líderes da base aliada na Câmara dos Deputados para reunião nesta terça-feira (31/10), no Planalto, a fim de tentar destravar a pauta econômica do governo no Congresso Nacional.
A ideia é conciliar as demandas dos partidos para costurar apoio político e garantir aprovação de leis e projetos orçamentários até o fim do ano, prioridades para o Executivo. Na próxima semana, o Planalto prevê uma reunião nos mesmos moldes com lideranças do Senado Federal.