POLÍTICA
O Brasil deve amanhecer hoje com menos um candidato a presidente
A dúvida, já tarde da noite de sábado no Recife, era uma só: se o deputado federal Luciano Bivar, presidente do União Brasil, o maior e mais rico partido do país, anunciará, hoje, apenas que é candidato à reeleição, ou se irá além dizendo que apoiará Lula.
Apoiar Bolsonaro nem pensar. Em 2018, Bolsonaro se elegeu pelo PSL, sigla presidida por Bivar. Logo em seguida, Bolsonaro abandonou o PSL para criar sua própria legenda, algo que não conseguiu. O União Brasil nasceu da fusão do PSL e DEM.
Bivar vai precisar de ao menos 100 mil votos para se reeleger deputado. O homem de 1 bilhão de reais, parcela do Fundo Partidário ao qual o União Brasil tem direito, está convencido de que terá os 100 mil votos depois de dois dias de negociações.
Para Lula, o apoio pessoal de Bivar vale quase nada, a não ser para reforçar a ideia de que é mais um nome a renunciar à candidatura presidencial para ajudá-lo a se eleger ainda no primeiro turno. O deputado André Janones (Avante) fará o mesmo nesta semana.
Janones aparece nas pesquisas com 2% das intenções de voto. Levando-se em conta a margem de erro de dois pontos percentuais, ele pode ter de zero a 4%. Bivar tem zero. Em 2006, candidato a presidente da República, Bivar teve 0,06% dos votos.
O que vale para Lula é o apoio que Bivar possa lhe trazer do União Brasil, o partido com a maior bancada de deputados na Câmara e isoladamente o maior tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão a partir de agosto. Esse tempo é ouro puro.
Bivar pode muito dentro do União Brasil, controla o Diretório Nacional da legenda, mas não pode tudo. Em Pernambuco, por exemplo, o União Brasil tem candidato ao governo, e esse se opõe a Lula. É também assim em outros estados, como Goiás.
Mas se Bivar levar para Lula uma fatia expressiva do União Brasil e se reeleger deputado, aumentarão suas chances de disputar a presidência da Câmara em fevereiro próximo, desde que Lula naturalmente derrote Bolsonaro em outubro.
Lula diz que presidente da República nada tem a ganhar se metendo em eleição de presidente da Câmara. Conversa mole. Pode ganhar ali um poderoso aliado, como Arthur Lira (PP-AL), o atual presidente, é de Bolsonaro. Bivar quer entrar no jogo.