POLÍTICA
PF encontra plano golpista no celular de Cid, ex-auxiliar de Bolsonaro
A perícia no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), identificou trocas de mensagens, áudios e documentos sobre ações de cunho golpista com o objetivo de garantir a permanência do ex-presidente no Planalto, apesar da derrota nas eleições de 2022.
O jornal O Globo publicou, e o Metrópoles confirmou com a cúpula da Polícia Federal (PF), que foi encontrada, por exemplo, a minuta de um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), operação militar que permite apenas ao presidente da República convocar as Forças Armadas nos casos em que há esgotamento das forças tradicionais de segurança pública. Também há, entre os conteúdos, tentativas de instituição do Estado de Defesa.
O aparelho de telefone do militar foi apreendido durante operação para investigar suposta inserção de dados falsos nos sistemas de vacinação contra a Covid-19 do Ministério da Saúde. Nos mandados de busca e apreensão, também foram encontrados indícios de lavagem de dinheiro.
O que mais pesa contra Mauro Cid
A PF concluiu a perícia feita no celular que havia sido apreendido com Mauro Cid no início do mês, e o conteúdo de mensagens e áudios encontrado no aparelho e na nuvem deve render novos desdobramentos das investigações. Em depoimento à PF, Cid silenciou sobre supostos planos de militares próximos a Bolsonaro para realizar um golpe de Estado e prender o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Os peritos encontraram trocas de mensagens entre Mauro Cid e o ex-major do Exército Ailton Gomes, que foi candidato pelo PL a deputado estadual no Rio de Janeiro em 2022 e, durante a campanha, apresentava-se como “01 do Bolsonaro”.
Segundo a investigação, Ailton Gomes se dispôs a “incitar grupos de manifestantes para aderirem a pautas antidemocráticas no interesse do ex-presidente da República Jair Bolsonaro, havendo fortes indícios de que o referido investigado, além de ter proximidade com o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, também teria um contato direto com o ex-presidente”.
Datado de 15 de dezembro, um dos áudios mostra Barros dizendo a Cid: “É o seguinte: entre hoje e amanhã, sexta-feira, tem que continuar pressionando o Freire Gomes [então comandante do Exército] para que ele faça o que tem que fazer. Até amanhã à tarde, ele aderindo, bem, ele faça um pronunciamento, então, posicionando-se dessa maneira, para defesa do povo brasileiro. E, se ele não aderir, quem tem que fazer esse pronunciamento é o Bolsonaro, para levantar a moral da tropa. Que você viu, né? Está abalada em todo o Brasil”.
A PF também encontrou conversas entre Mauro Cid e assessores que revelaram orientação para o pagamento em dinheiro vivo das despesas da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.