Após a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na noite de terça-feira (14), de unificar o horário de votação em todo o Brasil com o fuso horário de Brasília nas eleições de 2022, políticos acreanos se manifestaram contrários à decisão que faz com que no Acre, o horário de votação inicie às 6h da manhã e finalize às 15h. O primeiro turno das eleições está marcado para o dia 2 de outubro.
Em 2014, durante o processo de totalização dos votos, os candidatos Aécio Neves e Dilma Rousseff se alternaram na liderança da contagem de votos. O fato ocorreu em função do andamento dos dados que chegavam da Justiça Eleitoral do estados. No entanto, a disputa acirrada foi apontada como suposta fraude na contabilização eletrônica dos votos, fato que nunca ocorreu, mas motivou a unificação do horário.
o presidente do TSE, o ministro Luís Roberto Barroso, reconheceu que a mudança pode gerar transtornos, mas a decisão se deu com o intuito de priorizar a totalização do resultado, citando inclusive o horário do Acre como um dos motivos para a decisão, mas garantiu que “o TSE dará as autoridades eleitorais do Acre todo o apoio para adaptação das circunstâncias do processo eleitoral ao horário nacional”, explicando que “No registro histórico que tivemos nas eleições de 2014, a diferença no horário de encerramento da votação, em quase todo o país e no estado do Acre, produziu interpretações, teorias conspiratórias e problemas que nós gostaríamos de evitar para assegurar a tranquilidade do processo eleitoral brasileiro”.
A deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB), questionou o fato de que, com a decisão, apenas o Acre se sacrifica. “A decisão obriga os acreanos a iniciarem a votação as 6hs da manhã e encerrar as 15hs. Por q só o Acre tem que ser sacrificado? Por quê não exigir sacrifício de todo o país? Não aceitaremos isso”, escreveu a parlamentar em suas redes sociais.
O vereador de Rio Branco, Emerson Jarude (MDB), disse que a medida “prejudica o exercício da democracia no Acre” e citou um possível aumento na abstenção. Para ele, “om a diminuição do horário útil de votação, já que boa parte do eleitorado não irá votar no horário entre as 6 e 8h da manhã, teremos um aumento da quantidade de abstenção (pessoas que não irão votar). Nas eleições de 2020, esse índice foi de 27% em Rio Branco”.
Além disso, Jarude mostrou preocupação com quem trabalha no pleito, já que precisa estar no local das urnas antes do início da votação. “Pior será para quem atuar na zona rural, nos lugares mais distantes para atender os ribeirinhos, que deverá se deslocar às 3h da manhã”, apontou.
O deputado federal Flaviano Melo (MDB) também questionou a decisão que não levou em conta a particularidade de o fuso horário acreano ser de duas horas a menos que o de Brasília. “Se o Brasil inteiro votará das 8h às 17h, os acreanos não podem ser pressionados a acordar mais cedo e abrir mão do seu dia apenas para acelerar a logística da apuração. Acre também é Brasil”, disse.