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POLÍTICA

Presidente do Panamá rejeita discurso de Trump e diz que ‘nenhuma nação vai interferir’ na administração do Canal

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José Raul Mulino se dirige a seus apoiadores após ser declarado vencedor da eleição presidencial. — Foto: Daniel Becerril/Reuters

O presidente do Panamá, José Raul Mulino, divulgou uma carta após a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos nesta segunda-feira (20), rejeitando o discurso do republicano, que disse que “vai retomar o controle do Canal do Panamá”.

Mulino afirmou que “nenhuma outra nação no mundo vai interferir na nossa administração”.

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“O Canal é e continuará a pertencer ao Panamá e a sua administração continuará sob o controle panamenho no que diz respeito à sua neutralidade permanente. Não há presença de nenhuma nação no mundo que interfira na nossa administração.”

O presidente panamenho ainda ressalta que o Canal “não foi concessão de ninguém” e que poderá usar o Direito Internacional para defender a região dos EUA caso seja necessário.

“Foi o resultado de lutas geracionais que culminaram em 1999, como resultado do tratado Torrijos-Carter, e, desde então, durante 25 anos, ininterruptamente, estamos administrando e expandindo de maneira responsável para servir o mundo e o seu comércio, incluindo os Estados Unidos. Contamos com o direito que nos protege, a base jurídica do Tratado, a dignidade que nos distingue e a força que o Direito Internacional nos dá como forma ideal de gerir as relações entre países e, sobretudo, entre países aliados e amigos, como história demonstrada e nossas ações em relação aos Estados Unidos.”

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Em seu discurso de posse, Trump disse que os Estados Unidos “gastaram mais dinheiro do que nunca em um projeto antes e perderam 38 mil vidas na construção do Canal do Panamá”.

“Os navios americanos estão severamente sobrecarregados e não são tratados de forma justa, e isso inclui a Marinha dos Estados Unidos. E, acima de tudo, a China está operando o Canal do Panamá. E não demos para a China. Demos-o ao Panamá e vamos recuperá-lo.”

 

Presidente do Panamá divulga carta rejeitando discurso de Trump, que disse que vai 'tomar o Canal do Panamá' — Foto: Divulgação

Presidente do Panamá divulga carta rejeitando discurso de Trump, que disse que vai ‘tomar

o Canal do Panamá’ — Foto: Divulgação

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Trump e o Canal do Panamá

Desde dezembro de 2024, ainda como presidente eleito, Trump publicou mensagens ameaçando retomar o controle do Canal do Panamá, criticando o país pela cobrança de taxas que ele afirmou serem excessivas para permitir a passagem de navios americanos entre os oceanos Pacífico e Atlântico.

“As taxas cobradas pelo Panamá são ridículas, especialmente considerando a extraordinária generosidade que os EUA têm demonstrado ao Panamá. Não foi dado para o benefício de outros, mas meramente como um símbolo de cooperação conosco e com o Panamá. Se os princípios, tanto morais quanto legais, deste gesto magnânimo de doação não forem seguidos, então exigiremos que o Canal do Panamá seja devolvido a nós, integralmente, e sem questionamentos”, escreveu Trump na rede social Truth Social em 21 de dezembro.

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Na publicação, Trump também afirmou que não deixaria o canal cair em “mãos erradas”. Segundo a agência de notícias Reuters, uma provável referência à influência da China no canal, já que uma subsidiária da CK Hutchison Holdings 0001.HK , empresa sediada em Hong Kong, administra há muito tempo dois portos localizados nas entradas do Caribe e do Pacífico.

Em 22 de dezembro, Mulino se manifestou, reafirmando a soberania do Panamá sobre o Canal e que as taxas altas não seriam um “capricho”. “Cada metro quadrado do Canal do Panamá e da área ao redor pertence ao Panamá e continuará pertencendo a ele”, disse Mulino em uma declaração gravada divulgada no X, acrescentando que a soberania e a independência do Panamá não são negociáveis.

Os Estados Unidos construíram grande parte do canal e administraram o território ao redor da passagem por décadas, mas a assinatura de acordos entre o país e o governo panamenho, em 1977, abriu caminho para o retorno do canal ao controle total do Panamá em 1999, após um período de administração conjunta.

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A hidrovia, que permite a passagem de até 14 mil navios por ano, é responsável por 2,5% do comércio marítimo global e é essencial para as importações de automóveis e produtos comerciais dos EUA por navios porta-contêineres da Ásia, e para as exportações de commodities dos EUA, incluindo gás natural liquefeito.

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