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POLÍTICA

Provável indicação de Jorge Messias ao STF é vista como aceno de Lula aos evangélicos

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Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro com o Bispo Primaz Manoel Ferreira, o Bispo Samuel Ferreira e o Deputado Federal Cezinha de Madureira Foto: Ricardo Stuckert / PR

A provável indicação do Advogado-Geral da União, Jorge Messias, para o lugar de Luis Roberto Barroso ao Supremo Tribunal Federal (STF) é uma composição política para além do tabuleiro partidário. É um forte aceno do Presidente da República aos evangélicos.

A avaliação é da bancada evangélica no Congresso Nacional e ganha fôlego nas palavras do deputado que representa a denominação Assembleia de Deus – Madureira, na Câmara, Cezinha de Madureira (PSD-SP), que participou do encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em um gesto simbólico do petista de reaproximação com a bancada evangélica, por meio de lideranças que não se alinham integralmente ao bolsonarismo.

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Em entrevista ao Terra, o deputado evangélico –que protagonizou a cena de oração por Lula ao lado do líder máximo da Assembleia de Deus Madureira, bispo Samuel Ferreira– mostrou-se otimista quanto à postura do presidente em relação ao segmento.

“A igreja de verdade no Brasil faz um trabalho no Parlamento não apenas ideológico, mas pela economia do país e por aí vai. A igreja faz um trabalho social pelos pobres. Faz mais do que o Estado. O presidente Lula sempre reconheceu isso”, elogiou o deputado evangélico.

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“Conforto ao mundo evangélico”
Segundo ele, a reunião durou mais de duas horas e tratou de agendas do País. O parlamentar informou que o encontro foi um convite feito pelo presidente da República. A simbologia da reunião também foi comentada pelo deputado de São Paulo.

“Nosso papel não é se preocupar com polarização. Nosso papel é trazer a paz. Fomos orar pelo presidente. Todo mundo sabe que o presidente Lula está inclinado a indicar o Messias não por ser evangélico, mas porque ele é digno de uma tarefa dessa. É lógico, que ele [Lula] é político, e sabe que a indicação de um ministro como Messias vai trazer conforto ao mundo evangélico.”

Interlocutores acrescentaram, no entanto, que a presença de Cezinha de Madureira no Planalto ao lado de Jorge Messias resulta do “reconhecimento” de seu papel como articulador –função que ajudou a impulsionar André Mendonça à condição de Ministro durante o governo anterior. Embora tenha sido indicado por Jair Bolsonaro (PL), Mendonça, afirmam interlocutores, contou com votos do PT no Senado e o aval de Lula.

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O presidente já estaria articulando apoios ao nome de Jorge Messias, seu favorito para suceder Luís Roberto Barroso no STF, ao abrir diálogo com Cezinha e com a denominação assembleiana.

Equilíbrio no Supremo e leitura política

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A sinalização também foi interpretada como positiva pelo deputado Otoni de Paula (MDB-RJ), criticado por conservadores após ter orado por Lula, no ano passado, durante a sanção do Dia da Música Gospel. Otoni é sobrinho de um dos mais tradicionais cantores evangélicos do país, Oséias de Paula. Ele foi vice-líder do governo Bolsonaro na Câmara, mas enfrentou desgastes por não “rezar [ou orar] a cartilha” bolsonarista em momentos diversos.

Para ele, a eventual escolha de Jorge Messias é um gesto político importante do Palácio do Planalto em direção à comunidade evangélica, mesmo que isso não se traduza automaticamente em apoio eleitoral.

“A indicação de Jorge Messias é uma tentativa do Palácio do Planalto de sinalização para a comunidade evangélica. E entendo que é uma sinalização para nós muito importante, já que todas as nossas derrotas no campo do conservadorismo, no campo moral, nós tivemos não na política, mas na Suprema Corte, que tem sido uma Suprema Corte altamente progressista, e entendo que por José Messias ser um cristão evangélico, isto vai equilibrar mais as decisões.”

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Em outro trecho da entrevista, Otoni ponderou que o gesto não deve alterar o comportamento do eleitorado evangélico, mas reconheceu o valor político da aproximação.

“Agora, achar que isto vai se transformar em voto para o governo… Eu creio que já há uma distância muito grande. A posição da maioria dos eleitores evangélicos contra o Lula e contra o governo Lula, está muito cristalizada. Agora a sinalização política é sempre muito importante e é muito benéfica para o governo.”

Um gesto político calculado

No Planalto, a possível nomeação de Messias é vista como um movimento de pragmatismo político: atender a um perfil técnico respeitado dentro da magistratura, mas que também dialoga com o campo religioso e com as bancadas do Congresso.

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Para o governo, o gesto reforça a tentativa de recompor pontes com um segmento que se distanciou nos últimos anos, sem ceder ao discurso ideológico.

 

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