POLÍTICA
Relator do caso que pode cassar Eduardo Bolsonaro já se referiu ao deputado como ‘amigo

O deputado Delegado Marcelo Freitas (União-MG), escolhido para ser relator do processo que pode cassar Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no Conselho de Ética, tem histórico de aliança com a família do parlamentar: ele apoiou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em eleições passadas e, em 2019, chamou Eduardo de “amigo”.
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“Meus amigos de Minas Gerais, estamos aqui com o nosso amigo, deputado Eduardo Bolsonaro, apenas para dar tranquilidade aos nossos colegas, nossos amigos do PSL, e dizer que, haja o que acontecer, nós estamos com o governo do presidente Jair Bolsonaro. Divergências existem, mas isso faz parte da caminhada”, afirmou na época.
Após a fala de Freitas, Eduardo respondeu na ocasião: “Exatamente, a gente está batendo um papo aqui, delegado e eu estamos fazendo esse vídeo para deixar bem claro que a gente continua firme e forte com aquelas mesmas convicções que tínhamos no tempo do período eleitoral”.
O relator também é conhecido por defender pautas bolsonaristas, como a anistia aos condenados por atos golpistas e o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Defendo com clareza a anistia ampla, geral e irrestrita aos condenados pelos atos do dia 8 de janeiro! Sou totalmente contra os abusos cometidos pelo Supremo Tribunal Federal! Defendo o impeachment de Alexandre de Moraes, além de mandato para ministros do STF!”, publicou no X em agosto.
Quem é o relator
A escolha de Freitas como relator foi confirmada nesta sexta-feira, 26, pelo presidente do colegiado, Fábio Schiochet (União-SC). Natural de Montes Claros (MG), Marcelo Eduardo Freitas, de 49 anos, é delegado licenciado da Polícia Federal e cumpre o seu segundo mandato na Câmara. Filiado ao União Brasil, é descrito por colegas como um parlamentar de “perfil discreto”, que evita embates diretos e atua com foco em articulações internas.
Na carreira política, ganhou projeção em 2019 ao relatar a PEC da Previdência, a principal reforma do governo Bolsonaro. O deputado também se destacou por integrar a tropa de choque do então presidente em Minas Gerais durante a campanha eleitoral de 2018.
Apesar da aproximação inicial com o bolsonarismo, Freitas se afastou após o racha do PSL, quando decidiu apoiar Luciano Bivar, então presidente do partido. Em 2022, contudo, voltou a declarar apoio à candidatura de Bolsonaro à reeleição.
Processo contra Eduardo Bolsonaro
A escolha de Freitas para relatar o caso é vista dentro da Câmara como um “cartão amarelo” a Eduardo Bolsonaro, mas não como um sinal imediato de cassação. O processo foi movido pelo PT, que acusa o deputado de usar uma licença parlamentar para viajar aos Estados Unidos, onde teria atuado contra a soberania nacional ao articular sanções contra autoridades brasileiras e atacar o STF.
Fora do Brasil por sete meses, Eduardo também responde por faltas não justificadas desde julho, quando sua licença acabou. Além disso, foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República nesta semana por coação no curso do processo da tentativa de golpe de Estado de 2022.
No Conselho de Ética, o relator tem até 40 dias, prorrogáveis por mais dez, para apresentar seu parecer. Depois, o relatório é votado pelo colegiado e pode ser submetido ao plenário da Câmara.
