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POLÍTICA

Resultado do Ipec deve ampliar pressão sobre comunicação do governo Lula

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Lula viu a popularidade oscilar para baixo mais uma vez no Ipec, o que deve pressionar comunicação do governo — Foto: Agência Brasil

Os resultados da pesquisa Ipec sobre a avaliação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), divulgados pelo jornal “O Globo”, embora razoáveis, trouxeram frustração a aliados do Palácio do Planalto, devem ampliar a pressão em torno da comunicação do Executivo e não ajudam a melhorar a situação com o Congresso, que respeita muito mais um governo bem avaliado.

Embora seja historicamente natural que a avaliação diminua nos primeiros meses de um governo e os números sejam melhores, por exemplo, do que os de Fernando Collor, Michel Temer e Jair Bolsonaro no mesmo período, a expectativa era de evolução positiva. Ao contrário. houve nova oscilação para baixo. Entre março e junho, os números de “ótimo e bom” saíram de 41%, passaram para 39% e foram a 37%. Já os de ruim e péssimo fizeram o caminho inverso, passando de 24% para 26% e agora 28%. A avaliação regular está em 32%.

O principal motivo de frustração foi o fato de que a nova oscilação para baixo veio após uma série de medidas que o governo considerava capazes de mudar para melhor o cenário. O anúncio de queda nos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha, o relançamento de programas de governo, e a queda na inflação e em especial nos alimentos, porém, não surtiram o efeito esperado.

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É preciso, porém, ter cautela com essa análise. Geralmente, essas ações demoram a surtir efeito. As melhorias no Farmácia Popular, por exemplo, anunciadas na quarta-feira, sequer atingiram o período da pesquisa e têm capacidade de impactar fortemente o eleitorado mais pobre.

Também no mesmo período o governo enfrentou polêmicas que geram desgaste da imagem de Lula com o eleitorado médio. O discurso torto sobre guerra na Ucrânia e os elogios rasgados ao regime da Venezuela na recepção a Nicolás Maduro não ajudam. A ideia de taxação em transações usadas para burlar as regras de comércio eletrônico também.

Mas há também pontos a serem comemorados pelos integrantes do governo. Um deles é a melhora sensível dos resultados de Lula junto à classe média, principal foco do governo, por exemplo, com a redução da gasolina e o programa para carros populares (que ainda deve surtir efeito nas próximas semanas). Entre os que ganham entre dois e cinco salários mínimos, a taxa de ótimo ou bom de Lula subiu de 61% para 70%.

Também entre os mais ricos (acima de cinco salários mínimos) melhorou, provavelmente em razão de menos solavancos na economia do que o esperado, passado de 30% para 36%. Isso ajudou a compensar a queda de 10 pontos (53% para 43%) entre os mais pobres. Como o eleitor de classe média e alta forma o grupo em que geralmente as oscilações vêm primeiro, o cenário pode indicar esperanças para o governo mais adiante.

Pode ser considerado positivo ainda o fato de 41% dos eleitores de Jair Bolsonaro em 2022 considerarem o governo hoje ótimo ou bom (8%) ou ao menos regular (33%). Ainda que 56% daqueles que votaram no adversário de Lula no segundo turno na última eleição continuem considerando o governo ruim ou péssimo, os percentuais são animadores após uma disputa tão polarizada. Se 41% dos eleitores de Bolsonaro analisam o governo com parcimônia, dando a ele uma colher de chá, é sinal de que aí reside uma parcela que pode ser conquistada.

Mesmo com essas notícias animadoras, o resultado geral mais baixo do que nos meses anteriores tende a ampliar ainda mais a pressão sobre a Secretaria de Comunicação Social da Presidência, comandada pelo ministro Paulo Pimenta, que já vinha sofrendo com críticas internas e até públicas em razão do trabalho executado. Embora dentro da margem de erro, as oscilações repetidas em duas pesquisas fizeram a diferença entre avaliações positiva e negativa saírem de 17 para 9 pontos desde março. Não é pouca coisa.

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Embora ainda longe do período eleitoral, uma melhora na avaliação de governo poderia ajudar muito na relação com o Congresso. Geralmente, os parlamentares têm mais dificuldade de sustentar posições contra um governo popular. Com uma base insuficiente sobretudo na Câmara, o governo deveria chegar em 2024 com muita força para, aí sim, no período eleitoral, conseguir dobrar os deputados que estivessem dispostos a encarar as urnas nas disputas municipais. Para isso, a tendência precisa começar a mudar logo.

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