POLÍTICA
Superlotação, morte e parto nas celas: conheça o presídio onde Carla Zambelli está presa

A deputada federal Carla Zambelli foi transferida nesta quinta-feira, 31, para o presídio feminino Germana Stefanini, parte do complexo penitenciário de Rebibbia, em Roma. Na última terça, 29, ela foi detida pela polícia italiana após passar quase dois meses foragida da Justiça brasileira e internacional em razão de sua condenação de 10 anos de prisão por falsidade ideológica e invasão do sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Depois de ser encontrada pelas autoridades em um apartamento no bairro de Aurelio, na capital italiana, Zambelli passou uma noite em uma delegacia da cidade antes de ser levada ao presídio. A unidade é um dos maiores centros de detenção da Europa e sofre com problemas de superlotação. Há cerca de 1500 pessoas detidas lá atualmente.
Considerado o maior do país, ele recebe homens e mulheres, o que inclui pessoas de alta periculosidade, como mafiosos e terroristas.
A prisão ficou conhecida por ter abrigado criminosos famosos e autores de crimes com repercussão global. O último evento que levou a cadeia ao noticiário internacional foi a visita do Papa Francisco no fim de 2024. O religioso celebrou uma missa na capela do complexo prisional e lavou os pés de detentos. Construída em 1971 para aliviar a superlotação de outras prisões romanas, Rebibbia já foi administrada por freiras e, hoje, conta com forte auxílio pastoral nos trabalhos de reabilitação social.
Em 2021, o presídio ficou conhecido por abrigar uma detenta bósnia grávida que deu à luz dentro de uma cela. Além dela, outra detenta que chamou a atenção foi a atriz e escritora Goliarda Sapienza, que foi presa em 1980 por um roubo de joias e escreveu o livro ‘A Universidade de Rebibbia’, relatando seu tempo no cárcere.
No ano de 2009, Rebibbia voltou aos noticiários com a integrante da organização armada de esquerda Brigada Vermelha, Diane Melazzi, que foi condenada à prisão perpétua por terrorismo. Ela foi encontrada morta por enforcamento em sua cela.
Prisão
A defesa afirma que Zambelli se entregou voluntariamente às autoridades italianas e sustenta que ela é alvo de perseguição política no Brasil.
O advogado Fábio Pagnozzi afirmou que Zambelli decidiu “colaborar administrativamente” com as autoridades italianas. Segundo ele, ela teria manifestado disposição para se apresentar à polícia local.
Pagnozzi ainda informou que está acompanhando os trâmites da extradição e afirmou, sem fornecer detalhes, que acredita que a deputada será visitada pelo vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini.
Processo
Zambelli será interrogada pela justiça italiana na próxima sexta-feira, 1º de agosto. No interrogatório, a Justiça italiana perguntará se Zambelli prefere voltar ao Brasil ou passar por um processo de extradição.
Caso opte pela segunda opção, o juiz deverá decidir se ela ficará presa ou terá medidas cautelares enquanto aguarda o resultado do processo. Como já apontou o Estadão, os trâmites para concretizar a extradição podem demorar de um ano e meio a dois anos.
