POLÍTICA
Veja como funcionava o suposto esquema pelo qual Jair Renan Bolsonaro é investigado
Jair Renan, o filho mais novo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi alvo de uma operação conduzida pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) nesta quinta-feira, 24. A ação visa investigar um suposto esquema que abrange a prática de estelionato, falsificação de documentos, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
De acordo com as investigações, Jair Renan e Maciel Carvalho seriam os proprietários de empresas que estavam registradas em nome de 2 laranjas: Eduardo Alves dos Santos e Marcos Aurélio Rodrigues dos Santos.
As investigações apontam que o grupo teria estabelecido uma identidade falsa, utilizando o nome de Antônio Amâncio Alves Mandarrari, para abrir contas bancárias e agir como intermediário. Os investigadores afirmam que o propósito final desta ação era proteger o patrimônio dos indivíduos envolvidos no esquema.
Os envolvidos na investigação também estão sendo suspeitos de falsificar registros de faturamento e outros documentos relativos a empresas fictícias por eles estabelecidas
Nesse processo, de acordo com informações da PCDF, eles teriam utilizado informações de contadores – sem a devida autorização – para inserir declarações fraudulentas, com o intuito de disfarçar transações financeiras suspeitas entre eles.
A Polícia Civil afirma que existe a suspeita de que os alvos dessa operação possam ter transferido valores para o exterior.
Entenda os detalhes da investigação
A Polícia Civil do Distrito Federal está conduzindo uma investigação sobre a transferência de propriedade de uma empresa que pertencia a Jair Renan para um empresário local de Brasília.
No mês de março deste ano, ocorreu uma transferência de propriedade da empresa “Bolsonaro Jr Eventos e Mídia”, que havia sido fundada em 2020 por Jair Renan.
A titularidade da empresa passou para Marcos Aurélio Rodrigues dos Santos, que é proprietário de um clube de tiro situado no Distrito Federal. Atualmente, os registros da Receita Federal indicam que a empresa está encerrada.
A transferência de propriedade da empresa está sendo investigada pela Polícia Civil no caso de Jair Renan. Essa investigação é conduzida pela Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Ordem Tributária e envolve não apenas o filho do ex-presidente, mas também outras três pessoas.
As autoridades suspeitam que o grupo tenha se unido em uma associação criminosa com o intuito de obter benefícios financeiros por meio da inclusão de informações fraudulentas em documentos.
Esses documentos eram empregados em várias finalidades, como a abertura de contas bancárias, a obtenção de empréstimos e a evasão fiscal.
Crimes que Jair Renan pode ter cometido
No que se refere à Bolsonaro Jr Eventos e Mídia, há suspeitas de que a empresa tenha sido transferida para um intermediário, conhecido como “testa de ferro” – termo utilizado pela polícia quando a pessoa que empresta seu nome está ciente das atividades irregulares.
De acordo com as investigações, Jair Renan poderia ter cometido delitos como falsificação de documentos, evasão fiscal, lavagem de dinheiro e participação em um grupo criminoso.
Rodrigues dos Santos, que recebeu a transferência da empresa, também foi alvo de buscas e apreensões. Em maio, o ex-advogado dele relatou à revista Veja que a mudança de propriedade da empresa foi apresentada como uma “doação”, e que não houve transação de compra e venda.
Alvos da operação
Outro alvo da operação é Maciel Carvalho, um instrutor de tiro que é considerado o líder do grupo pelas investigações. Ele já havia sido alvo de duas operações policiais este ano e foi preso novamente nesta quinta-feira.
Semelhante a Jair Renan, Carvalho também realizou a transferência da propriedade de uma de suas empresas para Rodrigues dos Santos, conforme revelam as apurações.
O quarto indivíduo investigado é Eduardo Alves, cuja prisão também foi determinada, porém encontra-se foragido. Ele já estava sob suspeita de ter cometido um homicídio em Planaltina, uma região administrativa do Distrito Federal.
De acordo com as investigações, Alves adotava uma identidade fictícia criada pelo grupo, denominada Antonio Amancio Alves Mandarrari, “cuja identificação fraudulenta foi empregada para estabelecer contas bancárias e atuar como titular de entidades jurídicas no papel de ‘laranja'”.