POLÍTICA
Voto de condenação de Gladson no STJ é adiado até 2026; STF forma maioria para anular provas da operação

RIO BRANCO (AC) — A ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), votou nesta quarta-feira (17) pela condenação do governador do Acre, Gladson Cameli (PP), a 25 anos e 5 meses de prisão e pela perda imediata do cargo. Porém, o julgamento foi interrompido após pedido de vista do ministro João Otávio de Noronha, adiantando a conclusão da análise para o fim do primeiro trimestre de 2026, devido ao recesso do Judiciário que começa no próximo sábado (20).
O prazo para devolução do processo após o pedido de vista é de 60 dias (prorrogável por mais 30), mas fica suspenso durante o recesso — o que explica o adiamento. A defesa de Cameli, liderada pelo ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, já afirmou que uma eventual condenação no STJ pode ser anulada por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), onde corre um processo paralelo sobre a validade da operação policial que originou as acusações.
Na Segunda Turma do STF, três ministros — André Mendonça, Nunes Marques e Dias Toffoli — discordaram do relator Edson Fachin e defendem a nulidade de toda a produção probatória contra o governador. A defesa argumenta que houve violação da prerrogativa de foro e “fishing expedition” (pescaria probatória): a polícia, ao interceptar uma conversa que mencionava o “governador”, buscaria dados de pessoas do entorno de Cameli (empresas, esposa e filho menor) antes de pedir o deslocamento da competência para o STJ, em uma investigação “às cegas”.
“De forma voluntária, buscou elementos de convicção em face do governador, só depois requisitando o deslocamento da competência”, destacou Mendonça em seu voto, onde declarou a nulidade das provas.
Se a anulação for confirmada pelo STF, Cameli ficará sem impedimentos para disputar as eleições de 2026 — ele lidera as pesquisas de intenções de votos como pré-candidato ao Senado.
ENTENDA O QUE É “FISHING EXPEDITION”
Pesca probatória é uma investigação indiscriminada e sem base legal clara, onde as autoridades “lançam a rede” na esperança de encontrar evidências, sem foco em um fato específico. É ilegal no Brasil, viola direitos fundamentais e as provas coletadas podem ser anuladas.








