RIO BRANCO
A Morte Indiferente: Crueldade contra cobra em Rio Branco revela descaso com a fauna

Um vídeo chocante, gravado na Área de Proteção Ambiental (APA) Raimundo Irineu Serra, em Rio Branco, expôs um ato de crueldade contra um animal silvestre. Um motorista de ônibus da linha 1752, deliberadamente, atropelou uma cobra da espécie Drymarchon corais, popularmente conhecida como surucucu-facão ou limpa-pasto. O ato, registrado em três vídeos distintos por um morador da região, Altino Machado, evidencia não apenas a violência contra a fauna, mas também a falta de respeito à vida e à preservação ambiental.
O vídeo mostra o motorista, em plena luz do dia, invadindo a contramão para atropelar a cobra. A sequência de imagens, que acompanha o animal desde o momento do atropelamento até sua morte, é um retrato cruel da indiferença humana. A ação do motorista, além de ser um ato de violência gratuita, demonstra uma falta de consciência ambiental alarmante.
A Drymarchon corais, segundo o biólogo, herpetólogo e professor da UFAC, Paulo Sérgio Bernarde, é uma espécie não peçonhenta que desempenha um papel crucial no equilíbrio do ecossistema. Sua dieta, composta por ratos (potenciais transmissores de leptospirose) e outras cobras peçonhentas, a torna um importante agente de controle biológico. O atropelamento deliberado desta cobra representa, portanto, uma perda para o meio ambiente.
Altino Machado, testemunha ocular do crime ambiental, encaminhou as imagens à Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMEIA), solicitando a identificação e responsabilização do motorista. A facilidade com que a SEMEIA pode identificar o condutor, a partir das imagens do ônibus e do número da linha, reforça a necessidade de ação imediata por parte das autoridades.
Este caso não se trata apenas de um ato isolado de crueldade. Ele reflete uma problemática maior: a falta de educação ambiental e o desrespeito à fauna e flora em áreas protegidas. A impunidade em casos como este incentiva a repetição de atos semelhantes, comprometendo a biodiversidade e a preservação ambiental. A SEMEIA deve agir com rigor, aplicando as penalidades cabíveis ao motorista e promovendo campanhas de conscientização para evitar que tragédias como essa se repitam. A proteção da fauna e a preservação do meio ambiente são responsabilidades de todos, e a omissão diante de atos de crueldade como este é inaceitável.
