Alto nível do Rio Acre abre caminho para chegada de grande embarcação a Rio Branco

RIO BRANCO (AC) — Aumento no volume do Rio Acre possibilitou, na tarde desta segunda-feira (22), a chegada da Ana Cristina — um navio de grande porte para a região — à capital acreana, na praia da Base. O freteiro Agnelo Araújo Freitas Neto, conhecido como Nenê, que conduziu a embarcação vinda de Pauini (AM), foi entrevistado durante o evento.

A trajetória entre Pauini e Rio Branco durou quatro dias de navegação contínua, dia e noite. “Quatro dias, dia e noite. Sem parar, só da Boca da nós paramos”, afirmou Nenê, que segue a tradição familiar no rio desde a infância: “Desde criança que eu ando no rio. Desde o tempo do pai”.

Com dimensões de 21 metros de comprimento e cinco de largura, a Ana Cristina traz carga geral — gêneros alimentícios, gás e eletrodomésticos — para abastecer Pauini, município que só tem acesso por água ou ar. Na viagem, a tripulação faz plantões de seis horas alternadas para pilotagem e tarefas diversas.

O freteiro explicou que a navegação direta de embarcações desse tamanho até Rio Branco é restrita a parte do ano, quando o rio está elevado. “Só vem até maio aqui, só até maio. De dezembro a maio só”, disse ele, complementando que, em outros períodos, o caminho fica limitado a Boca do Acre (AM).

Durante a conversa, Nenê relembrou o auge da movimentação fluvial nas décadas de 1980 e 1990, quando o porto de Rio Branco recebia mais de cem balsas carregadas de ouro e castanha, vindas de Belém e Manaus. “Tinha o Benjamin, o Coral, os navios que vinham grandes, as balsas, muita coisa vinha”, recordou.